150 anos de 'Escrava Isaura': a história da escrava branca que rodou o mundo
Lucélia Santos conquista o troféu Águia de Ouro na China, marcando sua trajetória como a primeira estrangeira a ganhar o prêmio de melhor atriz. A fama da novela "Escrava Isaura" a leva a ser aclamada em um país distante, onde seu papel ainda ressoa fortemente.
Em 1985, Lucélia Santos visitou a China, onde recebeu o troféu Águia de Ouro, se tornando a primeira estrangeira a ganhar o prêmio de melhor atriz com 300 milhões de votos. O sucesso da novela Escrava Isaura, que atraía audiências em mais de 120 países, havia conquistado o público internacional.
A novela, adaptada por Gilberto Braga a partir do livro de Bernardo Guimarães, retratava a vida da escrava branca Isaura. O romance, publicado em 1875, foi um sucesso e coincidiu com a campanha abolicionista que culminou na Lei Áurea de 1888.
Braga, ao escrever o roteiro, fez alterações significativas, adaptando personagens e desfechos para se adequar à censura da época. Um exemplo disso é a morte de Malvina, que foi mudada devido à proibição de retratar homens casados "cortejando" a protagonista.
A novela, que foi ao ar de 1976 a 1977, se tornou um fenômeno de audiência, atraindo fãs como Nelson Rodrigues e Fidel Castro. Edwin Luisi, que interpretou Álvaro, relatou ser tratado como uma estrela do rock em Cuba.
O impacto internacional de Escrava Isaura consolidou o mercado das telenovelas brasileiras, sendo a primeira vendida a países da antiga Cortina de Ferro. O sucesso gerou até campanhas na Polônia e Hungria para "comprar" a alforria de Isaura.
Escrava Isaura é frequentemente criticada por seu discurso romantizado em relação à escravidão, apresentando uma narrativa que favorece uma visão eurocêntrica da história.
Reprisada várias vezes e adaptada por outras emissoras, sua influência na cultura popular é inegável, mostrando a complexa relação entre a telenovela e a sociedade brasileira.