A ‘ameaça de paz’ é maior do que a ameaça à paz no Irã, diz ex-embaixador do Brasil em Teerã
Ex-embaixador do Brasil analisa o impacto das recentes tensões entre Israel e Irã, ressaltando o papel nocivo das intervenções externas, especialmente as dos EUA. Gradilone expressa preocupações sobre a crescente radicalização no Irã e a fragilidade do direito internacional em um cenário global de incertezas.
Eduardo Gradilone, ex-embaixador do Brasil em Teerã, expressa pessimismo sobre o conflito entre Israel e Irã, afirmando que os arroubos de Trump fortalecem radicais iranianos.
Durante seu mandato, ele acreditou na possibilidade de moderação do regime iraniano após a eleição do presidente reformista Masoud Pezeshkian em julho de 2024. Porém, essa expectativa não se concretizou.
Gradilone argumenta que a ameaça à paz é maior que a ameaça de paz, e isso impulsiona os radicais. Lembra que, durante a campanha de Pezeshkian, já havia manifestações de controle sobre os costumes no Irã.
Após ataques escalonados, especialmente o de Israel ao Irã, as condições impostas para a paz pelos EUA e Europa tornaram-se inverossímeis, aumentando a força dos grupos extremistas.
Ao mencionar a recente ação dos EUA contra instalações nucleares do Irã, Gradilone acredita que a situação é perigosa, afirmando que as bases do direito internacional estão se corroendo. Ele não prevê uma Terceira Guerra Mundial, pois os principais atores globais estão ocupados com questões internas.
O ex-embaixador critica a vacância das embaixadas do Brasil em Teerã e Israel, mas enfatiza que a diplomacia brasileira deve se concentrar em promover a paz e criar laços para um convívio internacional saudável.
Gradilone alerta que o papel do Brasil é ser um mediador, buscando construir consensos e evitar a radicalização. Ele defende que um ambiente pacífico é essencial para a projeção da cultura e comércio brasileiros no cenário global.