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A política macroprudencial e o buffer contracíclico

A política macroprudencial visa monitorar e regular o sistema financeiro para evitar riscos à estabilidade, especialmente em momentos de euforia econômica. No entanto, sua implementação deve ser cuidadosa, considerando as particularidades de cada banco e os efeitos da política monetária.

Introdução da Política Macroprudencial: A maior inovação na gestão da estabilidade financeira é a política macroprudencial, que observa o sistema financeiro ao longo do ciclo econômico.

Crise do Subprime: A crise mostrou que, durante períodos de euforia econômica, os bancos expandem rapidamente suas carteiras de crédito, levando a um aumento da inadimplência, o que representa risco à estabilidade financeira.

Função do Regulador: O Banco Central do Brasil deve utilizar ferramentas macroprudenciais, como requisitos de capital variáveis, para amorteção do ciclo de crédito, conhecido como capital contracíclico.

Importância do Hiato de Crédito: É essencial monitorar o hiato de crédito, que mede a diferença entre o crédito/PIB atual e sua tendência. Um hiato acima de dois pontos percentuais indica a necessidade de um buffer contracíclico.

Complicações Macroeconômicas: A exigência de mais capital enfrenta desafios como:

  • Heterogeneidade dos bancos: Diferentes níveis de capital podem tornar a medida inócua.
  • Reações à Política Monetária: A política monetária contracionista pode já ter efeitos macroeconômicos significativos.
  • Spillover no Mercado de Crédito: Medidas de capital podem ser vistas como sinal de fragilidade, potencialmente gerando corridas bancárias.

Alternativa ao Buffer Contracíclico: Uma alternativa é rebalancear ativos, transferindo crédito para o shadow banking, onde o regulador tem menor influência, limitando a atuação do formulador de políticas públicas.

Comunicação Macroprudencial: É vital reforçar a comunicação sobre as ações e os efeitos da política monetária, priorizando a supervisão microprudencial antes da ativação do buffer contracíclico.

Considerações Finais: O uso do buffer contracíclico deve ser cauteloso e bem contextualizado com a condição econômica. O autor sugere que a política macroprudencial, apesar de inovadora, precisa de cuidados.

Professor e Pesquisador do Coppead, especialista em Banking. A opinião expressa não necessariamente representa a do Banco Central do Brasil.

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