Abin paralela monitorou homônimo de Moraes em tentativa de espionar ministro, diz PF
Relatório da Polícia Federal expõe ilegalidades na Abin durante governo Bolsonaro, revelando espionagem direcionada ao ministro do STF. Investigações apontam uma rede clandestina que manipulava informações para fins políticos, resultando em graves acusações contra diversos envolvidos.
Polícia Federal (PF) revelou que a chamada Abin paralela monitorou um gerente de loja, Alexandre de Moraes Soares, em uma tentativa de espionar o ministro Alexandre de Moraes do STF.
A informação foi divulgada no relatório final das investigações, tornado público nesta quarta-feira (18) por decisão do próprio Moraes.
De acordo com a PF, as consultas foram realizadas por Thiago Gomes Quinalia, agente de inteligência da Abin, sem justificativa legal. Ele fazia parte do Núcleo-Evento Portaria 157, que produzia relatos falsos tentando associar políticos e magistrados ao PCC.
Quinalia utilizou o sistema de geolocalização clandestina First Mile, contratado pela Abin, para rastrear dispositivos móveis sem conhecimento das operadoras. O uso da ferramenta não teve aprovação judicial, configurando ilegalidades durante o governo Bolsonaro.
A PF relata que a busca pelo nome “Alexandre de Moraes Soares” ocorreu em 18 de maio de 2019 e não tinha nenhuma anotação técnica que justificasse a ação, indicando uma tentativa de acessar dados do ministro via homônimo.
A investigação sobre a Abin paralela aponta que o ex-presidente Jair Bolsonaro foi o principal beneficiário da estrutura clandestina, com seu filho Carlos Bolsonaro como um dos idealizadores, atuando para desacreditar adversários.
O deputado Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin, é mencionado como chefe operacional da Organização Criminosa. A estrutura contava com servidores da Abin, policiais federais e agentes especializados, operando disfarçados.
A retirada do sigilo do relatório foi autorizada após “vazamentos seletivos” que resultaram em matérias contraditórias na imprensa. O inquérito culminou em 36 indiciados, com acusações como organização criminosa e violação de sigilo.
Para a PF, o caso envolve alto potencial ofensivo à democracia, com uso sistemático da máquina pública para atingir adversários políticos, influenciar investigações e proteger aliados.