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Admirável mundo velho: Brasil envelheceu antes de ficar rico

Brasil enfrenta desafios financeiros e de saúde à medida que envelhece sem riqueza, com o aumento dos gastos públicos pressionando o orçamento. Ao mesmo tempo, a queda na natalidade abre espaço para reavaliações no investimento em educação e na organização do setor produtivo.

Brasil envelhece sem riqueza: A expectativa de vida atingiu 76,4 anos para nascidos em 2023, um número menor que a expectativa dos italianos em 1990. A renda per capita brasileira é de US$ 21,17 mil em 2023, enquanto que a italiana de 1990 seria US$ 43,2 mil hoje.

O Brasil é o primeiro país a envelhecer pobre, o que traz diversas consequências. Finanças públicas serão afetadas, com aumento nos gastos de previdência e saúde, exigindo a revisão das regras de aposentadoria.

O Ministério da Saúde estima que 8,5% das pessoas com mais de 60 anos têm demência, totalizando 5,7 milhões de idosos até 2050. Esse cenário pressiona a atenção da saúde familiar.

Por outro lado, com a queda da população infantil, se espera que os gastos com educação infantil possam ser redirecionados. A Fundação Seade projeta uma diminuição de crianças em São Paulo, de 2,59 milhões em 1990 para 1,77 milhão em 2050. Contudo, a redução nos gastos com educação básica é improvável.

Em 2023, surgiram 2,52 milhões de nascimentos, a menor taxa desde 1976, com uma redução de 12% em relação a 2015-2019. A organização do setor produtivo também muda, com ênfase em produtos para idosos, como farmácias que aumentaram de 68 mil em 2012 para 100 mil hoje, enquanto a fabricação de brinquedos caiu 60,8%.

Exemplos de adaptação incluem o Japão, onde a venda de fraldas para adultos superou as para crianças desde 2011. A mudança demográfica traz novos desafios e oportunidades no mercado.

Como disse Mário Quintana, "o tic-tac dos relógios é a máquina de costura do tempo a fabricar mortalhas". E essas mortalhas, hoje, são mais complexas e demoram mais para serem concluídas. Quem viver verá.

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