'Adolescência': como surgiu a sinistra 'machosfera' retratada pela série

Adolescência, série da Netflix, explora a pergunta: O que leva um adolescente a assassinar uma colega de escola?

A resposta pode estar na machosfera, termo que define comunidades online focadas em interesses masculinos, abrangendo ideologias desde a percepção de falta de poder até o misoginismo.

A machosfera, inicialmente restrita à internet, agora se expandiu, com influenciadores como Andrew Tate ganhando notoriedade global. O roteirista Jack Thorne fez uma pesquisa profunda sobre o tema, notando a presença crescente dessas ideias.

Especialistas apontam que os influenciadores estão capitalizando a crise social e econômica que afeta os jovens, criando uma reação contra o feminismo.

Desde a década de 1970, o ativista Warren Farrell se distanciou do feminismo após conflitos sobre a opressão masculina, levando ao surgimento de fóruns online nos anos 1990.

Esses fóruns inicialmente não eram tóxicos, mas, com o tempo, o ambiente se tornou um espaço de sexismo, onde homens começaram a culpar as mulheres por sua solidão.

Os movimentos de incels e de "profissionais da sedução" ganharam força nas redes sociais, promovendo a ideologia da regra 80/20, que sugere que 80% das mulheres preferem apenas 20% dos homens.

A machosfera organizou campanhas de ódio e se tornou violenta, culminando em casos como o ataque de Elliot Rodger em 2014, que deixou marcados os relatos de violência contra mulheres.

Com a ascensão das redes sociais, ideias extremas da machosfera foram tornadas "palatáveis" por influenciadores, que as disfarçam como conselhos de autoajuda e desenvolvimento pessoal.

Thorne afirma que esses influenciadores refletem um ecossistema problemático que afeta os adolescentes, abordando questões profundas como solidão, depressão e ansiedade.