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Advogada que denuncia abusos contra imigrantes venezuelanos está presa há 100 dias em El Salvador

Advogada que denunciava abusos a imigrantes e corrupção no governo de Bukele completa 100 dias de prisão. Apesar de suas acusações, processo ocorre em segredo e sua comunicação com familiares e advogados está restringida.

Ruth Eleonora López, advogada salvadorenha de 47 anos, completa cem dias presa em El Salvador nesta terça-feira (26). Ela denunciava abusos contra imigrantes venezuelanos e corrupção no governo.

López foi presa em 18 de maio, a pedido do Ministério Público. Ela liderava a unidade de Anticorrupção e Justiça da Cristosal, ONG que apoiava famílias de 252 imigrantes venezuelanos detidos após deportações dos EUA.

A acusação inicial era de peculato, por suposto desvio de dinheiro durante seu trabalho no Tribunal Supremo Eleitoral, mas foi alterada para enriquecimento ilícito. Ela nega as acusações e se considera uma prisioneira política.

Desde sua transferência para um centro penitenciário em Izalco em 4 de julho, ela está incomunicável. A Cristosal também ajuda famílias de detidos sem provas e imigrantes venezuelanos presos.

O estado de exceção em vigor suspendeu o devido processo, resultando em mais de 80 mil detenções em massa. López, reconhecida pela BBC como uma das cem mulheres mais influentes do mundo, conseguiu habeas corpus para mais de 70 prisioneiros injustamente detidos.

René Valiente, da Cristosal, critica o governo de Nayib Bukele, que se autodenomina "ditador mais cool do mundo", por tentar aparecer como humanitário enquanto mantém prisioneiros políticos.

Outros críticos, como o advogado Enrique Anaya, também foram presos. A nova lei de Agentes Estrangeiros, em vigor desde julho, impõe um imposto de 30% sobre transferências internacionais e limita atividades de organizações, levando a Cristosal a encerrar suas operações no país.

Para o professor Carlos Monterrosa, essas detenções refletem um exercício autoritário do poder em El Salvador.

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