Agenda Brasil: 'Quem mais tem a ganhar com a reforma é o servidor', diz Ana Carla Abrão
Ana Carla Abrão critica a associação da reforma administrativa com questões fiscais, destacando a importância de focar em mudanças estruturais que valorizem o servidor público. Segundo a economista, a proposta visa melhorar a seleção, avaliação e desenvolvimento de carreiras, sem reduzir salários ou estabilidade.
A economista Ana Carla Abrão, coautora de uma proposta de reforma do RH do Estado, argumenta que vincular a reforma administrativa à questão fiscal é um equívoco. Ela defende que temas como corte de salários, demissões e fim da estabilidade devem ser excluídos da discussão.
No evento “Agenda Brasil”, em junho, os presidentes de grandes bancos pediram cortes de despesas. Ana Carla esclarece que a reforma administrativa não é um tema fiscal, embora possa gerar ganhos de eficiência no futuro. A única ação de impacto imediato seria a aplicação do teto constitucional para salários.
A proposta visa melhorar o serviço público, garantindo o apoio de sindicatos e servidores. “Precisamos mudar o processo de seleção, atualmente antiquado”, afirma. A reforma deve abordar:
- Processo de seleção, com avaliação de competências.
- Revisão das carreiras, que cresceram 319% entre 1970 e 2019.
- Avaliação de desempenho, para regulamentar demissões por baixo desempenho.
Ela critica a situação atual, onde a maioria dos servidores tem nota máxima em avaliações. Ana Carla destaca que 12% dos trabalhadores estão no setor público, índice semelhante a outros países, mas com custos superiores em relação ao PIB.
Segundo ela, a despesa com pessoal não se traduz em um melhor serviço público ou bem-estar dos servidores. A desigualdade de renda no setor público é mais que o dobro da desigualdade média do país.
Fonte: Valor
