Ainda vai demorar para setor público alcançar patamar ideal de diversidade, diz aprovada no CNU

Elaine Reis, 48 anos, é analista tributária na Receita Federal e passou para o cargo de EPPGG (especialista em políticas públicas e gestão governamental), um dos mais disputados no CNU (Concurso Nacional Unificado).

Embora aprovada, ainda não foi convocada para os cursos de formação. Com 22 candidatos já chamados, Elaine está em 31º lugar de 16 vagas, na cota para negros.

Ela relatou que, nas universidades e no setor público, poucos negros estão em posições de liderança. "Quanto mais você sobe na cadeia hierárquica, menos mulheres têm. Pessoas negras, menos ainda", afirmou. Ela acredita que as mudanças estão acontecendo, mas ainda levarão tempo.

Nascida em São João de Meriti (RJ), Elaine estudou em escolas particulares com o apoio da família, permitindo sua aprovação na UFF (Universidade Federal Fluminense) no fim dos anos 90, quando raramente via outros alunos pretos ou pardos.

Ela começou sua carreira no setor privado, mas migrou para os concursos públicos em busca de estabilidade. Com o CNU, a intenção era melhorar o salário e ter mais mobilidade.

Após fazer mestrado em administração pública, ficou atraída pela trajetória de EPPGG e participou de um curso de liderança exclusivo para negros, o Lidera GOV 4.0.

Ela se dedicou a um planejamento rigoroso de estudos, dedicando cerca de quatro horas diárias e fins de semana inteiros para se preparar para o certame.

Ela permanece em cargo de chefia enquanto aguarda convocação e já busca informações sobre as futuras possibilidades de atuação como EPPGG, especialmente na área tributária.

Esta reportagem é a terceira de uma série sobre os aprovados no CNU, em colaboração com o Instituto República.org.