Além de Ultrafarma e Fast Shop, MP investiga se OXXO e Kalunga se beneficiaram de esquema criminoso
MP-SP investiga esquema de corrupção que pode envolver múltiplas empresas além das já citadas. Auditoria fiscal e liberação indevida de créditos tributários estão no cerne da apuração.
Ministério Público de São Paulo (MP-SP) investiga esquema criminoso envolvendo auditores fiscais da Secretaria da Fazenda do Estado (Sefaz). Empresas como Ultrafarma, Fast Shop, Allmix Distribuidora, Rede 28 Postos de Combustíveis, Kalunga e Grupo Nós (dono da OXXO) estão sendo monitoradas.
Documentos do Grupo de Atuação Especial de Repressão à Formação de Cartel (GEDEC) apontam o supervisor Artur Gomes da Silva Neto como líder do esquema, recebendo propina de diversas empresas para vantagens tributárias.
A Kalunga teve um arquivo digital recusado pela Sefaz, indicando possível benefício do esquema. No caso da OXXO, um e-mail entre o supervisor e a empresa Smartax revela a troca de documentos relacionados a "serviços" de consultoria tributária.
A Sefaz instaurou um procedimento administrativo para investigar o funcionário e solicitou informações ao MP-SP. As empresas mencionadas foram contatadas, mas não respondem até o momento.
A Operação Ícaro, realizada nesta terça-feira, levou à prisão de Sidney Oliveira (Ultrafarma), Mario Otávio Gomes (Fast Shop), Artur Gomes e Marcelo de Almeida Gouveia (auditores fiscais).
Como Operava o Esquema: O esquema envolvia a empresa Smart Tax, fundada por um familiar de Neto e sem funcionários, mas que movimentou milhões, principalmente vindos da Fast Shop. Entre 2021 e 2022, a empresa recebeu mais de R$ 1 bilhão, com transações apresentadas como legais por meio da emissão de notas fiscais.
O promotor Roberto Bodini destacou a ilicitude de um fiscal que utilizou certificado digital para acessar o sistema da Sefaz, beneficiando empresas com ressarcimentos de ICMS acima dos valores corretos.
Investigações adicionais indicam que outras companhias do setor estão ligadas ao mesmo esquema.