Alta da Selic encarece crédito e pressiona inadimplência, dizem especialistas
Ciclo de alta da Selic afeta diretamente crédito e inadimplência. Juros elevados tornam financiamentos mais caros e reduzem a oferta, principalmente para famílias e empresas.
Ciclo de alta da Selic continua, com a taxa elevada para 15% ao ano nesta quarta (18). Isso afeta o crédito bancário, encarecendo empréstimos e aumentando a inadimplência, especialmente entre as famílias, segundo analistas.
A Selic serve como referência para o custo de captação dos bancos. Juros mais altos resultam em crédito caro e escasso para consumidores e empresários.
A Anefac aponta que a taxa de juros média para pessoas físicas subiu de 92,59% ao ano em janeiro de 2021 para 124,71% ao ano em maio de 2025, afetando particularmente o cartão de crédito rotativo, que alcançou 448% ao ano.
Mesmo com a implementação de um teto de 100% sobre o rotativo do cartão, o uso disparou devido à perda de poder de compra.
Segundo Jorge Azevedo, a inadimplência é consequência natural desse cenário. Os dados da CNDL mostram que mais de 72 milhões de brasileiros estão inadimplentes, especialmente os que ganham até dois salários mínimos.
No crédito para empresas, a taxa média subiu de 17,8% para 26,9% ao ano. Caio Tonet, da W1 Capital, prevê um aumento na inadimplência no segundo semestre devido aos custos altos do crédito.
Empresas de médio porte sentem o aperto, enfrentando incertezas sem o fôlego das grandes corporações. Paula Reis alerta que a Selic alta impactará o mercado imobiliário, tornando a aquisição de imóveis mais difícil.
No setor automotivo, os financiamentos também estão mais difíceis, com exigência de entrada maior e juros elevados. A Fenabrave relatou uma queda de 18% nos financiamentos desde 2022.
Gabriel Jacques destaca o risco de desaceleração econômica afetar o mercado de trabalho, recomendando cautela no uso do crédito. André Matos acredita em um futuro otimista para a economia brasileira, apesar das pressões sobre o consumidor.