Análise: BB é um ‘banco brasileiro’ e Itaú um 'relógio suíço'?
Itaú Unibanco mantém resultados consistentes e previsíveis, enquanto Banco do Brasil enfrenta desafios com queda de lucros e inadimplência no setor agro. Em meio a diferentes modelos de negócios, investidores reagem a promessas de recuperação e estabilidade.
Resultados do Itaú Unibanco são considerados previsíveis, levando analistas a chamá-los de "relógio suíço". O CEO, Milton Maluhy, expressou a intenção de evitar surpresas aos investidores.
No Banco do Brasil, o lucro caiu 60% em um ano, e a rentabilidade diminuiu para um terço do que era em meados de 2024. O VP financeiro, Geovanne Tobias, reiterou a confiança na capacidade do banco de ser o melhor do Brasil, apesar de desafios.
A queda no "payout" e a reação dos acionistas foram abordadas pela presidente Tarciana, que afirmou que 2025 será um ano de ajuste, prometendo recuperação em 2026. Ela incentivou os investidores a manter ou adquirir ações do BB.
A inadimplência no BB atingiu 3,94%, um aumento significativo em relação a anos anteriores. Problemas no setor agrícola, como a invasão da Rússia na Ucrânia e condições climáticas adversas, impactaram os resultados.
Novas regras de provisionamento do Banco Central geraram um acréscimo de R$ 6 bilhões em provisões e R$ 2 bilhões em receitas no agro. Operações consideradas problemáticas foram reclassificadas, resultando na perda de receitas esperadas.
O BB enfrenta o desafio da litigância predatória, com um aumento nas recuperações judiciais entre clientes. Tarciana mencionou a possibilidade de ações judiciais contra escritórios que promovem essas recuperações.
A instituição tem implementado estratégias para mitigar esses problemas, como melhorar garantias e a cobrança de dívidas. O BB, conhecido como o "banco do agro", agora precisa se adaptar a tempos difíceis.
Em contraste, o Itaú mantém um bom desempenho e se destaca no segmento de alta renda. Sua ação subiu 65,3% desde a nomeação de Tarciana, contra 15,3% do BB.
A busca por previsibilidade no mercado leva investidores a preferirem o "tédio" do Itaú em vez da "emoção" do BB, refletindo na valorização das ações de ambos.