Após dois recordes, superávit comercial tem projeção tímida do Mdic
Revisão da balança comercial sinaliza uma queda significativa no superávit do Brasil em 2023. Especialistas ressaltam uma combinação de fatores que impactam as exportações e importações no cenário econômico atual.
Revisão do superávit: A Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Mdic atualizou a previsão de superávit brasileiro para US$ 50,4 bilhões em 2023, uma queda em relação à estimativa anterior de US$ 70,2 bilhões. O anúncio ocorreu na sexta-feira (4).
No ano passado, o saldo foi de US$ 74,6 bilhões, o segundo melhor resultado histórico, depois do recorde de US$ 98,8 bilhões em 2023.
O presidente da AEB, José Augusto de Castro, destaca que o valor atual é baixo, refletindo a falta de confiança no cenário internacional, influenciado por tarifas de Trump. Segundo ele, o ano terá "muitos altos e baixos, principalmente baixos".
Lucas Barbosa, da A Z Quest, reconhece as previsões pessimistas, mas vê potencial para alcançar R$ 60 bilhões em superávit, devido a "surpresas positivas nas exportações".
Até junho, o superávit alcançou US$ 30 bilhões, uma queda de 27,6% em relação ao ano anterior. A balança comercial registrou superávit de US$ 5,889 bilhões em junho, 6,9% menor que no mesmo mês do ano passado.
As exportações em junho foram de US$ 29,147 bilhões (alta de 1,4%), enquanto as importações totalizaram US$ 23,257 bilhões (alta de 3,8%).
No acumulado de janeiro a junho, as exportações somaram US$ 165,87 bilhões (queda de 0,7%), e as importações, US$ 135,777 bilhões (alta de 8,3%).
A corrente de comércio chegou a US$ 301,647 bilhões, com crescimento de 3,2% em relação a 2024. Castro observa que a venda de produtos como soja, petróleo e minério está em alta, impactando positivamente o superávit.
Notável foi o aumento de 70% nas exportações para a Argentina, evidenciando que o Brasil está conquistando mercado em produtos manufaturados, especialmente no setor automotivo.
A atividade doméstica permanece intensa, refletida em um aumento de 11,3% nas importações nos últimos doze meses. Já as exportações enfrentam uma queda de 1,5%.
Barbosa destaca uma queda de 23% nas exportações de carne de frango devido a embargos por gripe aviária, mas acredita que a recuperação ocorrerá nos próximos meses.