Aposta chinesa para o mercado global, avião C919 enfrenta turbulência comercial com tarifas dos EUA
Dependência de fornecedores americanos pode comprometer a produção do C919, afetando planos de expansão da Comac. Analistas alertam que tensões comerciais podem interromper o programa e limitar as operações das companhias aéreas chinesas.
Pequim nutria grandes esperanças com o C919 da Comac, seu primeiro avião de passageiros fabricado localmente, desafiando a dominância de Boeing e Airbus.
Entretanto, a guerra comercial com os EUA ameaça os planos de produção devido à forte dependência de fornecedores americanos, uma preocupação crescente entre analistas.
Atualmente, as três grandes companhias aéreas estatais da China operam 17 C919s, com a expectativa de construção de mais 30 aeronaves neste ano.
O C919 possui 48 fornecedores dos EUA, 26 da Europa e 14 da China. Analistas afirmam que não há alternativas prontas para muitos componentes ocidentais, e os EUA podem paralisar a Comac quando desejarem.
O motor LEAP-1C, essencial para o C919, é fabricado pela CFM International, uma joint venture entre GE Aerospace e Safran. Enquanto o CJ-1000A está em desenvolvimento, ainda não está pronto.
Outros componentes críticos são fornecidos por empresas como Honeywell e Collins Aerospace, que não comentaram sobre o relacionamento com a Comac.
Embora os EUA não tenham restringido ainda as exportações de componentes, analistas alertam que tal ação poderia interromper ou até eliminar o programa C919.
A Comac tem estoque para entregas de curto prazo, mas qualquer restrição futura pode impactar as aéreas estatais, que deveriam operar pelo menos 100 C919s até 2031.
Apesar disso, a Comac entregou apenas 13 C919s no último ano, com a previsão de entrega de 780 aeronaves até 2034, em comparação com milhares da Boeing e Airbus.
Recentemente, o ministério do comércio da China sinalizou interesse em manter a colaboração com empresas americanas, após as aéreas chinesas rejeitarem novos jatos da Boeing.
Além disso, o C919 ainda não possui certificação internacional, limitando suas vendas fora da China. A aprovação pode levar de três a seis anos, mas analistas afirmam que o mercado doméstico já oferece demanda significativa.