Apostas, Bets, Jogos, Cassinos Online e a busca do pão no circo
A crescente popularidade das apostas esportivas revela uma crítica à sociedade contemporânea, semelhante à da Roma Antiga, onde o entretenimento superficial se sobrepõe à participação política. A falta de regulamentação e os impactos financeiros e psicológicos das apostas demandam uma discussão urgente sobre políticas públicas eficazes.
"Panem et Circenses" foi criada pelo poeta Juvenal em sua obra “Sátiras”, criticando a renúncia da participação política do povo romano por benefícios superficiais. A estratégia ainda persiste hoje, com o povo buscando alimento no “circo das bets”.
Não há discussão técnica nas áreas de Psicologia e Psiquiatria sobre os vícios em apostas, suas consequências psíquicas e financeiras, ou os impactos nas políticas públicas.
A seguir, alguns pontos relevantes:
- Aspectos Financeiros:
- Probabilidades: Sistema matemático garante que as casas de apostas sempre ganhem.
- Vieses Cognitivos: “Ilusão de controle” e “falácia do jogador” alimentam a confiança excessiva.
- Dívidas: 86% dos apostadores se endividam, com dívidas médias de até R$ 520 mil em casos extremos.
- Dissolução de Bens: Viciados se desfazem de bens, afetando a segurança financeira familiar.
- Dados no Brasil:
- Volume de apostas: R$ 240 bilhões em 2024.
- Impacto no varejo: R$ 103 bilhões deixaram de ser faturados.
- Inadimplência: 1,8 milhão de brasileiros afetados.
- Aspectos Culturais e Regulatórios:
- Influência da Publicidade: Campanhas irresponsáveis promovem apostas e alimentam vícios.
- Falta de Transparência: Ausência de disclaimers sobre os riscos.
- Políticas Públicas: Necessidade urgente para regulamentar a publicidade de apostas.
- Regulação: Discussões sobre controle fiscal, tipificação criminal e match-fixing são urgentes.
- Aspectos Psicológicos:
- Vício: Dependência patológica afeta milhões, especialmente jovens impulsivos.
- Saúde Mental: A aposta provoca oscilações emocionais severas, levando a problemas como depressão e ideação suicida.
- Crimes: 50% dos viciados cometem atos ilícitos, como roubo.
Esses aspectos alertam para a necessidade de um equilíbrio entre liberdade de mercado, responsabilidade social e proteção aos cidadãos, especialmente os vulneráveis. Caso contrário, muitos buscarão o pão no circo.
Hugo Daniel Azevedo é consultor de investimentos e sócio da MFS Capital
e-mail: hd@mfscapital.com.br