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As armas do Brasil contra tarifas de Trump: 'Retaliar seria suicídio'

Brasil estuda retaliações e negociações com os EUA após nova tarifa de 10% em exportações. Especialistas alertam que retaliar pode agravar tensões comerciais e sugerem cautela nas ações.

Governo Brasileiro Avalia Reação às Novas Tarifas dos EUA

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está analisando como responder à nova tarifa de importação de **10%** imposta pela administração de Donald Trump sobre as exportações brasileiras. Essa tarifa entra em vigor a partir de **5 de abril**.

O Brasil não é o único afetado; a gestão Trump elevou tarifas para diversos países, visando aumentar empregos e fábricas nos EUA. Especialistas sugerem que o Brasil possui uma "arma poderosa" para negociar: ameaçar a retaliação na área de propriedade intelectual.

A recente lei aprovada no Congresso permite ao Brasil agir sem autorização prévia da Organização Mundial do Comércio (OMC). Retaliações poderiam incluir a quebra de patentes e suspensão de royalties de empresas americanas, focando principalmente em produtos farmacêuticos e indústria cultural.

Embora essa medida possa fortalecer a barganha, especialistas recomendam cautela para evitar uma guerra comercial. Lucas Ferraz, da FGV, destaca que a retaliação deve ser um último recurso.

A estratégia brasileira remete a um precedente de 2009, onde o Brasil ameaçou retaliar os EUA por subsídios ao algodão, usando a ameaça como ferramenta de negociação.

Os EUA são o **segundo maior parceiro comercial** do Brasil, com um saldo comercial positivo acumulado de **US$ 43 bilhões** nos últimos dez anos. No entanto, o saldo recuou para apenas **US$ 300 milhões** no último ano.

Apesar da tarifa imposta, que é inferior a outras aplicadas a países como China e Índia, o governo brasileiro expressou interesse em negociar e mitigar os impactos.

A nova lei também permite ampliar tarifas de importação ou impor restrições a produtos de países que adotem barreiras comerciais contra o Brasil, mas tal ação poderia elevar custos e afetar a inflação.

Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior, destaca que muitos insumos importados dos EUA são cruciais para a indústria brasileira, tornando a retaliação por tarifas um caminho arriscado.

Para Lucas Ferraz, uma alternativa viável seria formar alianças com outros países, como Canadá e União Europeia, para aumentar o poder de barganha nas negociações com os EUA.

A tarifa de **10%** foi aplicada após as tarifas de **25%** já vigentes sobre importações de aço e alumínio, impactando exportações significativas do Brasil.

Estatísticas mostram que o Brasil realmente impõe tarifas de importação médias mais altas sobre produtos americanos, mas os itens mais importados têm taxas menores ou isentas.

O governo brasileiro argumenta que **74%** das exportações dos EUA para o Brasil entram sem tributação, destacando os produtos como petróleo e aeronaves.

No geral, o governo avalia que as tarifas afetam mais o Brasil, podendo resultar em perdas de até **US$ 2 bilhões** nas exportações, enquanto também monitoram os impactos da desvalorização do real na inflação.

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