Banco do Brasil tem ‘tempestade perfeita’ com mudança contábil; mercado pode reduzir previsões
Banco do Brasil enfrenta queda de lucro no primeiro trimestre e revê projeções devido a novas normas contábeis mais rigorosas. A inadimplência na carteira agro e a alta da Selic intensificam os desafios financeiros da instituição.
Banco do Brasil enfrenta desafios com novas normas contábeis
A mudança nas normas contábeis gera uma “tempestade perfeita” para o Banco do Brasil, resultando em uma queda de 20,7% no lucro líquido ajustado do primeiro trimestre, que totalizou R$ 7,4 bilhões. O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) também caiu para 16,7%, 19% abaixo das projeções do mercado.
A deterioração da qualidade da carteira agrícola, acentuada por pedidos de recuperação judicial, impactou os resultados. A inadimplência no setor agro saltou de 1,7% para 4,1% em um ano, aumentando as provisões contra inadimplência em 18,9%.
A nova regra contábil, a resolução 4.966, exige que os bancos provisionem por perda esperada, afetando a carteira agro, que tem enfrentado quebras de safra e queda de commodities.
A determinação de reconhecer receitas com juros somente quando os pagamentos são feitos resultou na perda de R$ 1 bilhão em margens no primeiro trimestre.
A presidente do BB, Tarciana Medeiros, mencionou a abertura de conversas com o regulador para um tratamento diferenciado da carteira do agro devido ao agravamento da inadimplência.
A alta da Selic também impactou o banco, gerando descasamento de R$ 380 bilhões entre depósitos e créditos.
O vice-presidente de Gestão Financeira, Geovanne Tobias, prevê que o segundo trimestre será desafiador, mas assegura que o banco deve manter retornos entre 17% e 18%.
Revisões negativas nas projeções de lucro são esperadas por analistas, refletindo a inadimplência alta e crescimento moderado de receitas. O banco também revisou seus guidances de margem financeira e lucro líquido devido às incertezas.
A queda das ações do BB foi atenuada pela avaliação descontada em relação aos concorrentes, com analistas do BTG Pactual recomendando compra com viés negativo na expectativa de um ROE sustentável em torno de 17,5%.