'Barão do rinoceronte' da África do Sul é acusado de deixar de ser criador para se tornar contrabandista
Conflito entre conservacionistas se intensifica após a prisão de ex-empreiteiro acusado de contrabando de chifres de rinoceronte. A operação investiga um amplo esquema de venda ilegal, enquanto as discussões sobre a legalização do comércio se tornam mais urgentes.
Prisão de ex-empreiteiro pela venda ilegal de chifres de rinoceronte gera divisão entre conservacionistas
Nesta semana, um ex-empreiteiro de 83 anos na África do Sul foi preso por supostamente vender um grande lote de chifres de rinoceronte.
A África do Sul abriga cerca de dois terços dos rinocerontes do mundo.
John Hume, o "barão do rinoceronte", negou as acusações de venda ilegal de 964 chifres, avaliados em US$ 14 milhões. Ele foi libertado sob fiança de 100 mil rands (R$ 30 mil).
Analisando o caso, Annette Hübschle, criminologista da Universidade da Cidade do Cabo, afirmou que isso pode impactar a propriedade privada de rinocerontes e futuros esforços de legalização.
O ministro do Meio Ambiente, Dion George, elogiou a investigação de sete anos realizada pela unidade "Hawks".
Enquanto alguns comemoram a operação, ambientalistas expressam lamento pelo fim da experiência de Hume, que defendia a legalização do comércio de chifres.
Hume enfrenta mais de 50 acusações relacionadas a roubo, fraude e associação criminosa. A ONG Rhino Revolution, representada por Hanno Nusch, apoia a descriminalização, argumentando que isso beneficiaria tanto os rinocerontes quanto seus guardiões.
O comércio internacional de chifre de rinoceronte continua proibido, apesar da venda dentro da África do Sul ser legal com licenças. Hume é acusado de utilizar permissões como fachada para vendas internacionais.
Dificuldades financeiras afetaram Hume, que chegou a tentar vender sua propriedade e os rinocerontes por US$ 10 milhões em 2023, sem ofertas.
Mais de 10 mil rinocerontes foram mortos na África do Sul nos últimos 15 anos por caçadores ilegais. O valor do chifre no mercado negro pode chegar a US$ 60 mil o quilo.
Conservacionistas, como Ted Reilly, defendem a descriminalização, acreditando que a venda legal dos chifres ajudaria a financiar a conservação dos animais.