BC não pensa em eleições, e corte de juros em 2026 teria efeito praticamente nulo sobre os votos
Mercado aposta em cortes de juros a partir de 2026, mas BC mantém foco na inflação e autonomía. Pressões políticas enfrentam resistência na autarquia, que prioriza sua missão de controle de preços.
O mercado financeiro e o governo têm expectativas diferentes sobre a política monetária do Banco Central (BC).
Mercado acredita que o BC começará a cortar juros em 2026, impulsionado pela indicação de Gabriel Galípolo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para favorecer a disputa eleitoral.
Entretanto, dentro do BC, o foco é manter a autonomia e seguir a meta de inflação, fixando-a em 3%.
A recente elevação da Selic para 15% indica que qualquer corte em 2026 terá pouco efeito sobre as eleições, devido ao tempo necessário para impactar o consumidor. A projeção do mercado estima a Selic em 12,5% em dezembro, ainda em patamar elevado.
Pressões do governo sobre o BC são vistas sob uma antiga perspectiva, em que o órgão não tinha autonomia legal.
A experiência dos EUA, onde o presidente do Fed, Jerome Powell, resistiu a críticas de Donald Trump, reforça a postura do BC brasileiro. Por isso, decisões não cederão a pressões políticas.
Atualmente, a inflação corrente no Brasil é de 5,32%, acima do teto de 4,5%, e as expectativas de inflação seguem elevadas para os próximos anos, segundo o Boletim Focus.
Ignorar os dados econômicos significaria comprometer o histórico controle de preços desde o Plano Real. Assim, a queda na Selic ocorrerá conforme as condições econômicas, não por influência eleitoral.