Bendegó: o meteorito que virou penteado, crônica de Machado de Assis e símbolo de sobrevivência nas cinzas do Museu Nacional
Descoberto em 1784, o meteorito Bendegó se tornou um símbolo da história brasileira, passando por grandes eventos e desafios ao longo dos séculos. Sua trajetória, que inclui a resistência ao incêndio de 2018, destaca a importância científica e cultural desse notável objeto.
Descoberta do Meteorito Bendegó
Em 1784, nas redondezas de Monte Santo, Bahia, um menino encontrou uma pedra peculiar, que resultou na descoberta do meteorito Bendegó.
Após alertar as autoridades, uma comissão verificou que a rocha era composta de ferro, inicialmente levando a suspeitas de jazidas minerais, mas essa ideia foi rapidamente descartada.
Como o Brasil era colônia de Portugal, decidiu-se enviar o meteorito à Europa; porém, o transporte de 5,3 toneladas e 2,15 metros mostrou-se desafiador. O bloco rolou para um riacho durante o transporte.
Por quase um século, o Bendegó permaneceu ali, até que em 1886, D. Pedro II patrocinou a sua expedição ao Rio de Janeiro, onde chegou em 15 de junho de 1888.
O meteorito foi recebido pela Princesa Isabel e passou a integrar o acervo do Museu Nacional.
A chegada do Bendegó foi um evento cultural e causou comoção. O famoso autor Machado de Assis mencionou o meteorito em suas crônicas, tornando-o parte do vocabulário popular.
O Bendegó, segundo maior meteorito do mundo à época, veio do cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter e estima-se que caiu na Terra há 100 mil a 120 mil anos.
Após um século no museu, sobreviveu ao grande incêndio de 2018, tornando-se um símbolo de resistência da ciência no Brasil, afirmou a astrônoma Maria Elizabeth Zucolotto.
O Museu Nacional reabrirá entre 2026 e 2028 e o Bendegó continuará como testemunha da história e evolução da ciência.