Bets: o bicheiro que mora no seu bolso o fará infeliz

Crescimento das Apostas no Brasil

As plataformas de apostas, as bets, estão crescendo rapidamente no Brasil. Em 2024, estima-se que drenaram R$ 216 bilhões da população, enquanto a indústria de fundos de investimento captou apenas R$ 60,7 bilhões. Este cenário é alarmante em um país com uma das menores taxas de poupança do mundo.

O Brasil agora ocupa o 1º lugar mundial em volume de apostas online. Antes, as apostas eram feitas principalmente em casas lotéricas, mas a popularização dos aplicativos de celular revolucionou o mercado, aumentando o número de apostas anuais de forma significativa.

As apostas em jogos têm consequências sérias, incluindo vícios que levam a problemas financeiros e emocionais. Apesar de não serem intrinsecamente problemáticas, a disponibilidade irrestrita pode deteriorar a qualidade de vida. Estudos mostram que apostadores têm mais problemas quando utilizam dispositivos móveis.

A teoria da perspectiva de Kahneman e Tversky sugere que aumentos de ganhos diluem a felicidade experimentada. Vencer em apostas seguidas pode trazer menos satisfação, levando a uma busca incessante por ganhos que pode resultar em perdas financeiras para 70% dos apostadores, que costumam não se sentirem responsáveis por suas ações.

A publicidade extensa em torno das apostas também influencia o comportamento dos consumidores, criando normas sociais que incentivam a prática. A pressão social pode levar as pessoas a apostar, mesmo que contradiga seus valores pessoais.

Em resumo, a expansão das apostas esportivas pode resultar em menos felicidade e maior precariedade financeira. Embora as bets sejam vistas como uma forma de entretenimento, estudos sugerem que o aumento das apostas está associado a piores resultados sociais e financeiros.

Aviso: É essencial considerar regulação e restrição da publicidade de apostas para mitigar seus impactos negativos.

Aquiles Mosca é CEO da BNP Paribas Asset Management no Brasil e professor de finanças comportamentais.