Bolsa brasileira tem melhor trimestre em 1 ano. Mas por que ainda não empolga?
Investidores permanecem cautelosos diante de incertezas externas e internas, apesar da recuperação do Ibovespa no primeiro trimestre. O fluxo de capital estrangeiro não tem sido suficiente para reverter o desânimo dos investidores domésticos em relação ao mercado de ações brasileiro.
As águas de março trouxeram uma despedida do verão e um dia negativo para as ações brasileiras, com 76 das 87 ações do Ibovespa no vermelho nesta segunda (31).
No acumulado do ano, 61 ações se valorizaram até março, resultado que ajudou o Ibovespa a encerrar o primeiro trimestre de 2025 com alta de 8,3%, aos 130.260 pontos. Março impulsionou o índice com uma valorização de mais de 6%, embora o dia de encerramento registrou uma queda de 1,25%.
Os investidores estão desanimados com a renda variável, refletido em uma liquidez na bolsa brasileira, a mais baixa desde 2019. O volume de ações foi de R$ 15,6 bilhões, abaixo da média de R$ 16,3 bilhões dos últimos 12 meses.
Os investidores estrangeiros mostram apetite por ações brasileiras e respondem por cerca de 56% das operações na B3. Até 27 de março, injetaram R$ 12,7 bilhões a mais que venderam.
O dólar comercial se desvalorizou 0,94%, sendo cotado a R$ 5,71, com uma redução acumulada de 7,7% no primeiro trimestre.
Contudo, investidores domésticos continuam cautelosos. Os operadores pessoas físicas alocaram apenas R$ 487 milhões, enquanto os institucionais se desfizeram de mais de R$ 12 bilhões.
A incerteza vem tanto da política externa, com o tarifaço de Trump previsto para 2 de abril, quanto da situação interna no Brasil, onde o presidente Lula enfrenta desafios políticos que podem afetar as contas públicas.
As projeções para a Selic diminuíram, permanecendo em torno de 15% ao ano, refletindo um espaço de respiro no mercado, mas com preocupações sobre o futuro da política econômica.