Bolsa Família afeta decisão de migrar após evento climático extremo

Bolsa Família aumenta a resiliência e afeta a decisão de migração dos agricultores mais pobres durante secas, segundo pesquisa do IMDS.

A pesquisa analisou 14,3 milhões de produtores rurais vulneráveis, onde 76% são beneficiários do Bolsa Família, em períodos de forte seca entre 2015 e 2019.

Cerca de 4,6 milhões destes agricultores residiam em áreas com altos índices de seca. A taxa de migração entre beneficiários do Bolsa Família foi 4% menor comparado aos não beneficiários em secas moderadas.

Para os 520 mil agricultores que enfrentaram eventos climáticos extremos, a taxa de migração foi 7% maior entre beneficiários do Bolsa Família.

O economista Paulo Tafner destaca que o auxílio permite resistência em secas suportáveis, enquanto em secas extremas facilita a migração.

A pesquisa incluiu análises do Cadastro Único e do Pronaf, considerando variáveis como renda familiar, idade e histórico de precipitação.

Os agricultores migraram, em sua maioria, para localidades próximas, dentro do mesmo município, buscando adaptação antes de abandonar seus lares.

A Bahia lidera com 2,5 milhões de agricultores vulneráveis, enquanto o Maranhão teve 57% afetados por secas intensas.

O estudo ressaltou que nas secas passadas, a migração em massa para capitais já não ocorre mais. Agora, as pessoas tendem a permanecer em suas comunidades.

É necessário mais pesquisa para entender a migração devido a desastres climáticos. A Resame busca formular políticas públicas em defesa dos excluídos climáticos.

A LGPD tem complicado a pesquisa nos últimos anos, dificultando monitoramentos mais atualizados.

O IMDS irá publicar um paper internacional, com planos de investigar o impacto do Bolsa Família em áreas urbanas afetadas por desastres.