'Bolsonarismo perdeu protagonismo no debate e quer criar tumulto para capturar atenções'
Bolsonaristas interrompem atividades do Congresso em protesto à prisão de Jair Bolsonaro. A oposição se mobiliza para barrar propostas significativas enquanto os líderes legislativos enfrentam pressão crescente.
Bolsonaristas bloquearam o Congresso Nacional por dois dias em protesto contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro. A desocupação do Senado ocorreu na manhã de quinta-feira (7/8) após quase 48 horas. Na Câmara, o funcionamento foi retomado na noite de quarta-feira (6/8).
Parlamentares da oposição utilizaram esparadrapos na boca para impedir o funcionamento das Casas, promovendo um motim liderado pelo PL com apoio do União Brasil, PP e Novo. Três propostas estavam em pauta: anistia a envolvidos na tentativa de golpe, impeachment de Alexandre de Moraes e mudanças no foro privilegiado. O senador Flávio Bolsonaro chamou o movimento de "pacote da paz".
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, reafirmou que não cederá a pressões. Na Câmara, Hugo Motta considerou suspender colegas e ameaçou chamar a Polícia Legislativa para garantir a ordem.
O analista político Creomar de Souza observou que a mobilização bolsonarista reflete uma perda de protagonismo e uma tentativa de recomposto no debate político. Ele prevê um Congresso dividido em duas forças: um Executivo em busca de aprovar pautas eleitorais e uma oposição decidida a obstruir processos.
O motim realçou a fragilidade das presidências da Câmara e do Senado e indicou que os bolsonaristas, apesar de não serem maioria, estão usando estratégias de obstrução e teatralização para monopolizar a atenção.
Com a aproximação das eleições de 2026, Souza acredita que o bolsonarismo precisará de novas narrativas e alianças, pois figuras políticas como Tarcísio e Zema são vistas como dependentes de Bolsonaro para viabilizar suas candidaturas.
Em relação às pautas do governo, a obstrução bolsonarista cria um teste de resiliência para a atual administração. Assim, a dinâmica legislativa pode se tornar um campo de batalha entre propostas de governo e tentativas da oposição de criar tumulto.
Souza finaliza ressaltando que a disputa pelo Congresso em 2026 é crítica, com o destino de várias forças políticas atrelado às suas atuações nesse campo, principalmente diante de um bolsonarismo que continua a exercer forte influência.