Braga Netto chama Cid de mentiroso em acareação; defesa diz que militar se contradiz
Braga Netto e Mauro Cid se enfrentam em acareação no STF, com o ex-ministro acusando o tenente-coronel de mentir constantemente. As divergências incluem reuniões em 2022 e a suposta entrega de dinheiro, com a defesa de Braga Netto destacando inúmeras contradições nas declarações de Cid.
Ex-ministro da Defesa, Walter Braga Netto, confronta tenente-coronel Mauro Cid em acareação no Supremo Tribunal Federal (STF)
A audiência ocorreu nesta terça-feira (25) e foi conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes.
Braga Netto chamou Cid de “mentiroso” diversas vezes, contestando a veracidade de sua delação que o incrimina. De acordo com a defesa, Cid permaneceu "de cabeça baixa" e não rebatia as acusações.
O advogado de Braga Netto, José Luis de Oliveira Lima, afirmou: "Ele se contradisse ainda mais". A sessão durou cerca de duas horas e contou com a presença do ministro Luiz Fux e do procurador-geral da República, Paulo Gonet.
A defesa apontou duas contradições principais entre os relatos:
- Reunião em novembro de 2022 na casa de Braga Netto: Cid afirmou que teve tom político; Braga Netto disse que foi uma visita de cortesia.
- Suposta entrega de dinheiro no Palácio da Alvorada: Cid mencionou três locais diferentes, enquanto Braga Netto nega qualquer envolvimento.
Cid relatou que recursos foram entregues "em uma sacola ou caixa de vinho" e escondidos debaixo da mesa.
Na sequência, o ex-ministro Anderson Torres fará outra acareação com o ex-comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes. Torres nega participação em reuniões no Palácio da Alvorada sobre medidas de exceção, como relatado por Freire Gomes.
Um dos pontos de atrito é um documento encontrado na casa de Torres, que previa a decretação de estado de defesa. Freire Gomes declarou que o conteúdo foi discutido em reuniões, embora o tenha classificado como "semelhante" em depoimento recente.
As acareações acontecem em sala reservada no STF, sem gravação em vídeo, mas com atas a serem divulgadas ao final do processo.
Braga Netto está preso preventivamente desde novembro, e esta foi sua primeira aparição fora da unidade militar. Freire Gomes, que havia solicitado participar por videoconferência, reverteu sua decisão.
(Com informações da Agência O Globo)