Brasil gastou mais de R$ 1 bilhão por ano para subsidiar energia a carvão, diz estudo
Brasil investe bilhões em subsídios ao carvão, apesar de matriz energética limpa. Relatório destaca queda na construção global de usinas a carvão e prevê renovação de incentivos por mais 20 anos.
Brasil investe em carvão mineral: entre 2020 e 2024, o país gastou uma média de R$ 1,07 bilhão (US$ 185 milhões) por ano em subsídios para a geração de eletricidade a carvão.
Esse dado é parte da pesquisa da Global Energy Monitor, coautora com a Arayara. A organização, sediada na Califórnia, analisa dados sobre infraestrutura energética.
Os subsídios financiam parte da cadeia de combustíveis fósseis, considerados os insumos mais sujos e caros do setor elétrico. Apesar da baixa competitividade do carvão, o setor continua operando, argumentando uma "transição justa".
A pesquisa utilizou dados da Agência Internacional de Energia (IEA) e do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), além de outras organizações.
O Brasil possui uma das últimas propostas ativas de usinas a carvão da América Latina: a usina termelétrica Ouro Negro, em Pedras Altas (RS), com 600 MW. Superada por alternativas mais baratas, sua proposta de 2015 enfrenta dificuldades.
A usina de Candiota, também no RS, está ameaçada, com contratos vencendo em dezembro de 2024 e multas por descumprimento de licença ambiental.
Um projeto de lei atual pode renovar subsídios ao carvão por mais duas décadas, totalizando R$ 92 bilhões (US$ 16 bilhões), além dos R$ 8 bilhões já contratados até 2027.
O relatório indica uma queda na produção global de novas usinas a carvão, atingindo seu menor nível em 20 anos: 44 GW iniciados em 2024, contra uma média de 72 GW desde 2004. Contudo, houve crescimento impulsionado pela China (94 GW) e Índia (38 GW) em novos projetos.
As capacidades fora da China e Índia caíram mais de 80% desde 2015. As desativações de usinas na União Europeia quadruplicaram em 2023, enquanto os EUA alcançaram o menor nível de desativações desde 2015.
A África vê um aumento em projetos com apoio chinês, contrariando promessas anteriores.