Brasil melhor no relativo, mas sofrerá com piora global: o impacto da tarifa de Trump
Mercado brasileiro reage positivamente às tarifas de Trump, mas incertezas permanecem. Especialistas avaliam que, apesar das vantagens, riscos como a relação com os EUA e possíveis barreiras comerciais com a China devem ser monitorados.
A reação do mercado brasileiro foi inicialmente positiva após o "Dia da Libertação" de Donald Trump, que incluiu o anúncio de tarifas recíprocas. Apesar disso, incertezas ainda podem abalar as perspectivas de crescimento global e, consequentemente, as do Brasil.
A tarifa-base de 10% para o Brasil, a mínima entre diversos países, é considerada relativamente positiva, embora a situação geral seja negativa. A análise da XP destaca que as tarifas impostas ao Brasil foram menos severas que para outros países, mas alertam para os riscos que isso implica.
Desde 2000, a China aumentou seus investimentos na América Latina, incluindo US$ 73,3 bilhões em infraestrutura no Brasil. Isso pode resultar em um foco maior da China na região.
Segundo Luis Stuhlberger, da Verde Asset, o Brasil foi “muito beneficiado” pelo tarifaço, devido à sua balança comercial equilibrada com os EUA. Lucas Farina, da Genial Investimentos, também vê vantagens para o Brasil, que está entre os países beneficiados pela alíquota mínima.
Entretanto, existem pontos negativos. A tarifa-base de 10% pode impactar produtos chave, como petróleo, aço e café. Além disso, a aproximação com a China pode gerar barreiras comerciais, dada a histórica resistência dos EUA a medidas comerciais contra o Brasil.
A XP alerta que uma guerra comercial prolongada pode desacelerar tanto a economia dos EUA quanto a global. O Bradesco prevê que tarifas maiores que o esperado reduzirão o PIB dos EUA de 2% para até 0% em 2025 e elevarão a inflação em 1 ponto percentual.
Com isso, o PIB global pode cair de 3,1% para 2,5%, podendo impactar o PIB brasileiro em até 0,5 p.p.. Já os efeitos sobre a inflação brasileira são complexos e o cenário de restrições comerciais pode levar a uma redução dos preços de bens importados, especialmente da Ásia.