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Brasil precisa cuidar de seus cuidadores, diz professora da USP

Pesquisadora da USP defende que o Brasil deve prestar mais atenção aos cuidadores, especialmente mulheres negras, que enfrentam desigualdades no mercado de trabalho. Evento na USP discutirá a 'crise do cuidado' e suas implicações para políticas públicas.

Professora Nadya Araújo Guimarães, da USP, defende que o Brasil deve começar a cuidar de quem cuida.

Embora existam leis que asseguram os direitos de crianças, adolescentes e idosos, há uma negligência com os provedores de cuidado.

O projeto internacional "Who Cares?" será destacado em um colóquio na USP de 14 a 16 de outubro.

Nadya destaca a crise do cuidado em países desenvolvidos, ligada à entrada das mulheres no mercado de trabalho. No Brasil, a situação é diferente, com um mercado de trabalho formado por mulheres negras desde há muito tempo.

A falta de regulamentação para as cuidadoras é um problema. Estudo da Fiocruz mostra que a formação profissional reduz o risco de desemprego.

A categoria de cuidado começou a ser estudada na sociologia nos anos 1990, interligando discussões sobre trabalho não remunerado feminino e envelhecimento.

As políticas públicas precisam de transversalidade, pois o problema do cuidado está ligado à inserção das mulheres no mercado de trabalho e não se limita apenas a crianças e idosos.

A pandemia acentuou a escassez de cuidadores, afetando as dinâmicas de trabalho e envelhecimento.

No Brasil, mulheres negras têm histórico de trabalho em cuidado, mas sem as estruturas de apoio existentes em outros países.

A ausência do Estado leva à criação de micro-negócios entre vizinhas que cuidam umas das outras.

Para implementar ações de cuidado no Brasil, é necessário aproveitar as estruturas já existentes, como o SUS e o Suas. No entanto, a integração dessas políticas é um desafio.

A Política Nacional de Cuidado tem dois pontos críticos: proteger quem cuida e lidar com o trabalho não remunerado. É essencial que haja políticas de respiro para aliviar a carga emocional de quem cuida.

Um grande desafio é garantir orçamento para essas iniciativas, além de sua implementação efetiva em níveis municipais.

Sobre Nadya Araújo Guimarães: professora da USP e pesquisadora do Cebrap, doutora pela UNAM, autora de obras sobre cuidado e pandemia.

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