Brasil segue aberto a negociar com EUA, mas sem admitir ataques ao Judiciário, diz Celso Amorim
Celso Amorim reafirma a disposição do Brasil para diálogo com os EUA, mas critica provocações ao Judiciário. Ele destaca a complexidade das relações internacionais atuais e a influência de extremistas americanos na situação.
Celso Amorim, assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais, disse que os canais de comunicação com os Estados Unidos “não estão fechados”, mas não se pode aceitar ataques ao Judiciário brasileiro.
Em entrevista ao programa Roda Viva, Amorim mencionou a dificuldade de contato com quem decide nos EUA. Ele ressaltou: "Mas aparentemente não há facilidade em contatar quem decide as coisas nos EUA".
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, informou que uma reunião com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, foi desmarcada, sem nova data definida. Haddad atribuiu o cancelamento à atuação do deputado Eduardo Bolsonaro, que nega qualquer relação com a decisão.
Amorim afirmou que o governo brasileiro permanece aberto à negociação, mas destacou a necessidade de disposição mútua: "Mas é preciso que os dois queiram negociar".
O ex-ministro considerou o cenário internacional atual como o mais complexo que já enfrentou, citando as dificuldades trazidas pela administração de Donald Trump, guerras e questões comerciais.
Mencionando a atuação de Trump, Amorim comentou que o presidente fez declarações sobre o Judiciário brasileiro, afetando as relações. Ele lembrou que, desde o anúncio do tarifaço, oito ministros do STF tiveram vistos suspensos, com medidas diretas contra Alexandre de Moraes.
Para Amorim, as medidas comerciais dos EUA estão ligadas a Bolsonaro, mas não o acredita como única motivação de Trump, citando também a extrema-direita norte-americana como um fator que deseja desestabilizar o Brasil.