Brasileira chefe de IA na Microsoft diz que recuo de big techs em diversidade é 'triste' retrocesso e prejudica mulheres no setor
Cientistas e líderes da tecnologia alertam sobre um retrocesso nas iniciativas de diversidade e inclusão nas grandes empresas, especialmente após mudanças políticas recentes. Gabriela de Queiroz, referência na área, destaca a importância de grupos inclusivos para o futuro das mulheres na tecnologia.
Gabriela de Queiroz, 44 anos, é uma carioca que mudou-se para a Califórnia em 2012 para estudar estatística. Desde então, se tornou cientista de dados da IBM e diretora de inteligência artificial na Microsoft.
Ela se formou na UERJ aos 30 anos e fez pesquisa na Fiocruz, embora sua carreira tenha se direcionado para tecnologia. A plataforma Meet Up facilitou seu aprendizado em linguagens como Python e R, levando-a a criar grupos de inclusão feminina na tecnologia, como R-Ladies e AI Inclusive.
Nos últimos tempos, Gabriela observou um clima "tenso e instável" no Vale do Silício, com big techs retrocedendo em iniciativas de diversidade, equidade e inclusão (DEI). Após a morte de George Floyd, muitas empresas iniciaram ações DEI, mas agora estão diminuindo essas políticas sob pressão conservadora, especialmente após a eleição de Donald Trump.
A Camila Achutti, CEO da Mastertech, alerta que a falta de diversidade prejudica a qualidade dos produtos tecnológicos. As mulheres representam 64% dos trabalhadores que treinam sistemas de IA no Brasil, mas ocupam posições mal remuneradas; apenas 12% são pesquisadoras e 6% programadoras.
Luciana Lima, da A3 Data, enfatiza que equipes diversas reduzem riscos de viés nos algoritmos. A Dora Kaufman destaca que diversidade é essencial para combater estereótipos na tecnologia. Ela critica o impacto negativo que o governo Trump teve nas regulamentações de DEI.
A Ana Barroso, da A3 Data, vê uma possível descentralização do mercado tecnológico global, favorecendo o desenvolvimento de ecossistemas regionais mais alinhados com realidades locais, dado o isolamento dos EUA sob Trump.