Brasileiro prefere democracia, mas se frustra com ela, diz pesquisa
Pesquisa revela que, apesar de 67% dos brasileiros preferirem a democracia em relação a regimes autoritários, a insatisfação com a sua prática é alta, com 55% das pessoas expressando descontentamento. O estudo ainda destaca a importância da liberdade e aponta que muitos cidadãos percebem problemas na participação política e na liberdade de expressão.
O ano de 2025 marca o mais longo período democrático do Brasil, com 40 anos do fim da ditadura militar (1964-1985). Apesar da preferência pela democracia, a insatisfação com o governo é alta, segundo a pesquisa “A democracia que temos e a democracia que queremos” do Ipespe.
A pesquisa foi coordenada pelo cientista político Antonio Lavareda e realizada entre 30 de novembro e 5 de dezembro de 2024, com 3.000 entrevistados. Os resultados serão apresentados no evento na USP em 8 de maio de 2025.
Segundo Lavareda, “reconhecer a democracia como a melhor fórmula” não implica aceitação passiva dos resultados. A insatisfação prolongada pode fragilizar a valorização do modelo democrático, abrindo espaço para a demagogia antissistema.
Os dados mostram que 67% dos entrevistados, tanto da esquerda quanto da direita, preferem a democracia a regimes autoritários. Contudo, 55% expressam insatisfação com a democracia, enquanto 42% estão satisfeitos.
As principais preocupações incluem:
- 45% dos entrevistados acreditam que a democracia funciona mal ou muito mal.
- 34% a consideram regular.
- 19% avaliam que funciona bem ou muito bem.
A maioria (40%) associou a liberdade à democracia, mas 4 em cada 10 mencionaram problemas na participação política e na liberdade de expressão.
No contexto político, o Supremo Tribunal Federal começou a julgar o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros por tentativa de golpe de Estado após a invasão dos Três Poderes em 8 de Janeiro. A Procuradoria Geral da República afirma que houve uma tentativa de abolição do Estado democrático de Direito.
A pesquisa foi realizada em parceria com a AGU e teve apoio da BRZ Consulting e da Febraban.