Brasília, 65 anos: o futuro precisa chegar para as mulheres da periferia

A capital federal, Brasília, completa 65 anos e ainda é marcada por desigualdades socioeconômicas. Apesar da imagem de cidade planejada para o futuro, convive a maior renda per capita do Brasil com uma desigualdade abissal.

A Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios Ampliada 2024 revelou que as regiões de menor renda, como Estrutural, Paranoá, Sol Nascente/Pôr do Sol e Recanto das Emas, concentram arranjos familiares vulneráveis, especialmente dominados por mulheres.

Essa predominância de arranjos monoparentais femininos se reflete: Paranoá (27,6%), Recanto das Emas (23,2%), Estrutural (18,8%) e Sol Nascente/Pôr do Sol (17,5%). Essas mães solo enfrentam jornadas duplas sem suporte adequado.

Além disso, a violência contra mulheres é alarmante, especialmente no transporte público. Dados indicam que 40% dos entrevistados já presenciaram assédio dentro dos coletivos, e 37% das mulheres relataram ter sido vítimas.

A distância geográfica entre essas mulheres e o Estado intensifica os desafios de acessar serviços essenciais, como creches e unidades de saúde. As políticas públicas muitas vezes não atendem suas necessidades.

A celebração do aniversário de Brasília deve trazer uma reflexão: a cidade não pode se tornar sustentável enquanto suas margens forem negligenciadas. É necessária uma ação integrada e sensível às questões de gênero.

Para um futuro inclusivo, é essencial combater a desigualdade, proteger mães solo, garantir segurança no transporte e proporcionar às mulheres periféricas acesso, renda, tempo e voz.

Somente assim Brasília pode se transformar de um espaço de exclusão para uma verdadeira ponte para inclusão e reparação.