Briga de gigantes: por que a disputa China-EUA pode baratear o consumo no Brasil

Disputa Comercial: EUA x China

A disputa entre Estados Unidos e China pode beneficiar o Brasil em relação à inflação de bens industriais.

Com as tarifas americanas, produtos chineses com destino aos EUA podem buscar novos mercados, incluindo o Brasil. Hoje, 15% das importações brasileiras vêm da China, um aumento de 6% desde 2017.

O Itaú BBA estima que um aumento de 10 pontos percentuais na participação chinesa nas importações do Brasil pode reduzir o IPCA em até 0,20 ponto percentual. Se os preços caírem, essa redução pode chegar a 0,50 ponto percentual.

Esse efeito se deve à semelhança dos produtos comprados por Brasil e EUA da China. Dez grupos de produtos respondem por 80% das importações brasileiras e 65% das compras americanas.

Para cada ponto percentual que a fatia dos EUA nas exportações chinesas cai, o Brasil tende a ganhar 0,12 ponto. Se os EUA reduzirem importações da China em até 70%, a participação brasileira poderia aumentar em um ponto.

O levantamento do Itaú BBA também mostra que a inflação de bens industriais tem sido superestimada. Uma queda nos preços de importação tende a diminuir a inflação, com uma redução de 0,4 ponto para cada ponto percentual de queda nos preços importados.

A inclusão de variáveis como salários e commodities indica que a origem dos produtos influencia bastante os preços. O aumento da presença de produtos chineses pode gerar um alívio contínuo nos preços da indústria nacional.

Embora isso não aconteça imediatamente e dependa do mercado, o Brasil pode ser um destino viável para mercadorias que antes iam para os EUA. Isso pode aliviar a pressão inflacionária em bens duráveis e insumos industriais.

Ainda não foram consideradas mudanças na política de impostos sobre importação, que poderiam afetar o cenário.

Em resumo, a disputa entre as duas maiores economias do mundo pode, indiretamente, manter a inflação brasileira sob controle.