Café brasileiro gerou tensão nos EUA há um século
Sobretaxa de 50% imposta pelos EUA ao café brasileiro gera preocupações entre especialistas sobre o impacto nas relações comerciais de longa data. Historicamente, tensões semelhantes entre os dois países remontam ao início do século 20, mas nunca de forma tão direta e severa.
O café brasileiro enfrenta uma nova crise devido à sobretaxa de 50% imposta pelos EUA, que iniciou no último dia 6. Este golpe atinge quase 4.000 itens brasileiros, mas o café é o mais impactado por sua história e relações comerciais com os EUA.
Os EUA, maiores importadores de café brasileiro desde o final do século 19, representaram 16,5% das importações no ano passado, totalizando 7,6 milhões de sacas de 60 kg. Apesar dos números, a história é marcada por conflitos, iniciados há mais de um século, como a política de valorização do café do Convênio de Taubaté, em 1906.
Na década de 1890, a imigração italiana e a expansión ferroviária em São Paulo aumentaram a oferta do café. Em 1906, um acordo foi fechado para estabilizar os preços devido à previsão de supersafra e queda acentuada nos preços.
O governo paulista comprou os excedentes para manter a estabilidade, financiado por empréstimos externos. Após a intervenção, o preço se manteve estável em 1906 e 1907, mas a alta subsequente gerou tensões com o governo dos EUA, que abriu processos contra os cafeicultores brasileiros em 1912.
Nos anos 1920, novas tentativas de controle de preços ocorreram, novamente levando a protestos dos EUA, liderados por Herbert Hoover, que considerava um “monopólio global do Brasil”. Pressões financeiras resultaram em um apaziguamento entre os países.
Esses episódios anteriores não causaram grandes prejuízos ao Brasil, ao contrário da quebra da Bolsa de Nova York em 1929. Comparando com o atual tarifaço, o professor Felipe Loureiro aponta um paralelo, mas destaca que a medida atual é mais explícita e dura do que aquelas do passado, motivada por interesses políticos.