“Caiu mundo otimista” da democracia, diz ex-presidente do Uruguai

Ex-presidente uruguaio Julio María Sanguinetti discorreu sobre os anos 1980, considerando-os “um momento otimista” para a América Latina. Ele criticou a ideia de que essa tenha sido uma “década perdida”, destacando a democratização do continente.

A fala ocorreu no evento “Democracia 40 anos: Conquistas, Dívidas e Desafios”, em Brasília, neste sábado (15.mar.2025). Sanguinetti discursou após o ex-presidente brasileiro José Sarney, com quem governou de março de 1985 a março de 1990.

Atualmente, Sanguinetti afirma que “não estamos vivendo anos otimistas”, citando a pandemia de covid-19 e os conflitos em Ucrânia e Gaza como fatores de mudança.

Ele também criticou o presidente dos EUA, Donald Trump, e o protecionismo econômico, que trouxe uma “estranha guerra comercial”.

Sanguinetti comentou sobre o surgimento de “populistas de direita” e “presidentes messiânicos”, classificando-os como “agitadores da direita” e desafiando valores liberais.

O ex-presidente ressaltou que discutir a redemocratização não é “nostalgia”, mas uma luta contínua pelos valores democráticos ameaçados.

O evento também homenageou a contribuição histórica de José Sarney, elogiado por Sanguinetti como “um estadista maduro, sério e digno”. Sarney, por sua vez, expressou sua satisfação por serem os únicos sobreviventes do processo de redemocratização na América Latina.

O Brasil celebra 40 anos de democracia hoje, destacando a promulgação da nova Constituição em 1988 e o fim da ditadura militar que durou 21 anos (1964-1985).

Nas últimas quatro décadas, o PIB do Brasil foi superado pelo da China e da Índia, que antes eram considerados parte do Terceiro Mundo.

Para mais informações, leia as reportagens da série especial do Poder360 sobre os 40 anos de democracia no Brasil.