Campanha tenta repetir contra Israel boicote brasileiro que mirou África do Sul há 40 anos

Há 40 anos, o presidente José Sarney decretou um boicote contra a África do Sul, então sob regime de apartheid. Agora, ativistas brasileiros tentam implementar uma medida similar contra Israel.

No aniversário do embargo, a Frente Palestina realiza um ato em São Paulo, exigindo um boicote energético a Israel, especialmente com o aumento da exportação de petróleo ao Estado judeu durante o conflito na Faixa de Gaza.

Dados da ANP revelam que o Brasil exportou quase 3 milhões de barris a Israel em 2024, representando um aumento de mais de 51% em comparação com 2023.

O Brasil é o quarto maior fornecedor de petróleo a Israel, responsável por 9% do suprimento desde o início da guerra, de acordo com a ONG Oil Change International.

Leandro Lanfredi, da Federação Nacional dos Petroleiros, expressa preocupação: "É dilacerante ver as imagens e saber que a riqueza do nosso país está contribuindo para isso." Em maio, a entidade pediu um embargo energético ao governo Lula, que parece relutante em agir.

A Petrobras, que responde por um terço das exportações de petróleo do Brasil, declarou que não vende petróleo diretamente a refinarias israelenses desde 2023.

Chico Braga, coordenador do ato, critica a falta de ações concretas do governo: "O presidente Lula tem feito declarações razoáveis, mas falta uma ação que vá além das falas."

Em contexto histórico, ONGs comparam a situação dos palestinos ao apartheid da África do Sul. A pressão internacional e resistência civil foram fundamentais para a imposição de sanções à África do Sul nos anos 80, levando ao eventual fim do regime em 1994. A história do embargo brasileiro à África do Sul foi marcada por condenação global e apoio a sanções significativas.