Campos Neto diz que informou Comissão de Ética Pública sobre cargo no Nubank, mas governo nega
Comissão de Ética Pública afirma que Roberto Campos Neto não consultou a entidade sobre sua futura posição no Nubank. A situação levanta preocupações sobre possíveis conflitos de interesse e a prática de "porta giratória" no setor financeiro.
Comissão de Ética Pública (CEP) nega que o ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, tenha consultado a entidade sobre assumir funções no Nubank.
Um comunicado da fintech, divulgado em 6 de junho, afirmava que a comunicação havia sido feita. A CEP esclarece que Campos Neto não consultou sobre trabalhar para o Nubank e que, após seis meses de sua saída, ele não precisa de autorização para atividades privadas.
A lei de 2021 proíbe que ex-presidentes do Banco Central assumam cargos em instituições sob sua fiscalização durante seis meses após a saída.
Os advogados de Campos Neto afirmam que não havia obrigação de consultar a CEP, pois o período de restrição se encerrou em 30 de junho. Eles ressaltam que Campos Neto comunicou sua nova posição como forma de respeito.
O presidente da CEP, Manoel Caetano, refuta a alegação de aviso prévio. Segundo o professor da USP, Gustavo Justino de Oliveira, essa é a primeira vez que um ex-presidente do Banco Central anuncia um trabalho na iniciativa privada durante o período de quarentena, que normalmente se encerra antes da aceitação do cargo.
Funcionários do Nubank afirmam que não há contrato assinado com Campos Neto, que deve assumir como vice-presidente do conselho e chefe global de políticas públicas.
A CEP pode investigar ações que violem o código de ética e a lei de conflito de interesses, mas não há processo de apuração em andamento no momento.
A ex-autoridade está proibida de aceitar cargos que se relacionem com sua anterior posição. Campos Neto atuou no Banco Central de 2019 até 2024 e possui uma trajetória de mais de duas décadas no setor financeiro.
A professora Alketa Peci alerta para a possibilidade de captura regulatória, onde ex-reguladores migram para o setor privado, uma tendência conhecida como "porta giratória".