Capela Sistina: as mensagens deixadas por Michelangelo no palco do conclave
Capela Sistina se torna o centro das atenções com a realização do conclave que elegerá o novo papa. A obra-prima de Michelangelo, repleta de simbolismos e críticas, continua a fascinar e provocar debates sobre arte e espiritualidade.
A Capela Sistina, no Vaticano, será palco de grandes expectativas a partir de quarta-feira (7/5). Construída entre 1473 e 1481, homenageia o papa Sisto IV e é famosa por suas pinturas renascentistas.
Entre os artistas, destaca-se Michelangelo Buonarrotti, que pintou o teto de 1508 a 1512 e o Juízo Final entre 1536 e 1541. Sua técnica, que mescla arte, ciência e fé, impactou a arte ocidental.
A antropóloga Lidice Meyer ressalta que a Capela proporciona uma imersão histórica única. Michelangelo via a capela como uma tortura, preferindo ser escultor, mas foi convocado pelo papa Júlio II.
Apesar de suas críticas à Igreja, o artista revolucionou o afresco com suas figuras muscularmente perfeitas e tridimensionais. A composição contém nove painéis do Gênesis, sendo “A Criação de Adão” a mais famosa.
O Juízo Final gera intensa reflexão, abordando questões existenciais e espirituais. Segundo a arte-plástica Keka Consiglio, há críticas à Igreja escondidas nas obras, simbolizando que a sabedoria não é exclusiva do cristianismo.
Após a morte de Michelangelo, sua nudez foi questionada e, em 1565, um discípulo foi encarregado de censurar as figuras nuas. Biagio da Cesena, um crítico, foi retratado como Minos, o juiz do inferno, e o próprio papa Paulo III também é mencionado nas críticas.
Finalmente, o autorretrato de Michelangelo pode ser encontrado na figura de São Bartolomeu, que segura sua pele esfolada, refletindo a angústia do artista frente à Igreja.
No geral, a obra de Michelangelo permanece um tesouro complexo e valioso para o cristianismo e a história da arte.