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Carmen Miranda: como estrela portuguesa virou maior símbolo internacional do Brasil

A morte de Carmen Miranda em 1955 mobilizou o Brasil em um luto coletivo que se manifestou através de músicas e homenagens emocionadas. Celebridades e fãs se uniram para prestar reverência a uma das maiores ícones da cultura brasileira.

A morte de Carmen Miranda há 70 anos, na madrugada de 5 de agosto de 1955, provocou um Carnaval fora de época no Rio de Janeiro. A notícia foi amplamente divulgada pela Rádio Nacional, que tocou sucessos da cantora, refletindo a tristeza do país. O jornalista Ruy Castro narra essa história em sua biografia Carmen — A Vida de Carmen Miranda (2005).

Carmen, conhecida como "A Pequena Notável", foi estudada por autores como Ana Rita Mendonça, que mencionou a realização de missas de sétimo dia em sua memória. Seu caixão chegou ao Brasil uma semana após sua morte, e um velório aberto ocorreu na Câmara dos Vereadores.

Músicos famosos tentaram homenageá-la, mas a emoção foi tamanha que não conseguiram tocar. A marcha “Taí” foi cantada por mais de 50 mil vozes. Carmen foi enterrada no cemitério São João Batista.

Carmen Miranda, nascida em Portugal em 1909, mudou-se para o Brasil ainda bebê. Sua carreira começou em 1928 com gravações de samba e marchinhas, como “Pra Você Gostar de Mim”, que alcançou grande sucesso.

Ela se destacou na “era de ouro” do rádio e se tornou um ícone do cinema brasileiro. Seu estilo icônico, representando uma baiana estilizada, ganhou notoriedade nos Estados Unidos, onde foi contratada pela Broadway em 1939, chamando a atenção de produtores.

Carmen transcendeu as barreiras da música, tornando-se uma embaixadora cultural durante a Segunda Guerra Mundial, alinhando-se à política de boa vizinhança dos EUA. Sua imagem, embora estereotipada, foi uma das primeiras a projetar o Brasil no exterior.

As críticas à sua representação da cultura brasileira foram frequentes, mas sua estética vibrante fez dela “um símbolo de brasilidade”. Como destacou a pesquisadora Renata Couto, Carmen teve uma postura inovadora para sua época, desafiando os padrões sociais.

Embora seu visual e desempenho tenham sido amplamente vistos como uma caricatura do Brasil, sua influência e legado perduram até hoje, simbolizando uma brasilidade construída mais pela percepção externa do que pela realidade. A relação dela com Dorival Caymmi destaca a dinâmica entre a cultura popular e os interesses comerciais.

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