Carta de 25 países pressiona Brasil substituir Belém como sede da COP30
Países signatários da COP30 exigem soluções urgentes para problemas de logística e hospitalidade em Belém. Críticas se concentram em preços exorbitantes e escassez de leitos, que podem comprometer a realização do evento.
A menos de 100 dias do início da COP30, 25 países signatários enviaram uma carta à ONU cobrando soluções urgentes para os altos custos de hospedagem e a precariedade logística em Belém (PA), sede da conferência.
A carta critica a escalada nos preços de hotéis, a insuficiência de leitos, a insegurança e a dificuldade de deslocamento na cidade. Entre os signatários estão países desenvolvidos como Áustria, Bélgica, Canadá, Suécia e Suíça, além de blocos como o Grupo de Países Menos Desenvolvidos e o Grupo de Negociadores Africanos.
O documento afirma: “Se a COP inteira for mesmo acontecer em Belém, essas condições precisam ser garantidas. Se não forem atendidas, não teremos chance de ter um resultado de sucesso.”
Apesar de reconhecer o esforço do Brasil, a carta representa uma pressão diplomática sobre o governo, que busca promover um evento que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva trata como vitrine internacional.
O presidente da COP, André Corrêa do Lago, confirmou que alguns países pediram a transferência do evento devido aos problemas. Desde o anúncio de Belém como sede, os preços dispararam, e o déficit de leitos é um dos maiores desafios logísticos.
Para contornar a situação, o governo avalia alternativas como uso de residências do programa Minha Casa, Minha Vida, escolas públicas, e navios cruzeiros. A plataforma oficial de hospedagem foi lançada com atraso, restrita inicialmente aos países participantes, oferecendo apenas 2.500 quartos, representando apenas 5% da demanda.
Os signatários também expressaram insatisfação com o pedido do Brasil para que reduzam suas delegações, ressaltando limites operacionais e diplomáticos. A falta de transparência sobre critérios de acomodação e a possibilidade de compartilhar quartos foram criticadas.
“Nunca antes tantas delegações estavam sem saber como participar da COP tão perto do evento”, diz a carta.
A maior preocupação gira em torno da cúpula de chefes de Estado, que acontece antes da abertura oficial da COP. A UNFCCC deu prazo até 11 de agosto para o Brasil apresentar respostas.
O diplomata Richard Muyungi declarou: “Estamos pressionando o Brasil para que forneça soluções concretas, e não apenas nos peça para limitarmos nossas delegações.”