China reforça laços com América Latina em reação aos EUA
China intensifica laços com América Latina em busca de contrabalançar influência dos EUA. Reunião com líderes regionais resultou em plano de ação abrangente e ampliação de bolsas de estudo e treinamento.
A China está ampliando seus investimentos nas relações com a América Latina e o Caribe para aumentar sua influência e contrabalançar os Estados Unidos. A estratégia foi destacada na 4ª reunião do fórum com a Celac, realizada em maio em Pequim, que contou com a presença de líderes como Xi Jinping (China) e Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil).
O encontro marcou os 10 anos do fórum criado em 2014 e resultou na aprovações da Declaração de Beijing e de um Plano de Ação Conjunto. As medidas incluem áreas como infraestrutura, comércio, educação e cultura.
Além disso, o governo chinês anunciou a concessão de 3.500 bolsas de estudo e 10.000 vagas de treinamento para países da Celac, e uma isenção de vistos para cidadãos de 5 países, incluindo o Brasil.
Representantes do Haiti e de Santa Lúcia participaram da reunião, apesar de reconhecerem Taiwan, mostrando a flexibilidade das relações. Outros países que se alinham com Taiwan, como o Paraguai, não enviaram representantes.
A aproximação da China é vista como uma resposta à guerra comercial com os EUA, que se intensificou durante o segundo mandato de Donald Trump. A China tem superado os EUA como principal parceiro comercial em várias nações latino-americanas, incluindo o Brasil, onde o comércio com a China cresceu 6.522% entre 2000 e 2024.
A China, atualmente, é o principal parceiro comercial do Brasil, posição que ocupa desde 2009. O governo de Xi Jinping considera a América Latina uma aliada estratégica em um cenário global marcado por protecionismo e disputas entre blocos.
O embaixador chinês no Brasil, Zhu Qingqiao, ressalta que a relação busca fortalecer a autonomia dos países latino-americanos. Ele se opõe ao conceito de que a região é uma "propriedade" de qualquer potência.
A cooperação se dá em parte por meio da Iniciativa Cinturão e Rota, que pretende interligar a China a várias regiões do mundo. A Nova Rota da Seda abrange 149 países, mas o Brasil não está incluído.
No evento, o presidente Xi delineou 5 eixos de ação: solidariedade, desenvolvimento, civilização, paz e intercâmbio entre povos, visando construir uma “comunidade de futuro compartilhado”.
Em 2024, Brasil e China também firmaram o “Consenso de 6 Pontos” sobre a guerra na Ucrânia e criaram o “Grupo de Amigos da Paz” na ONU, reforçando sua colaboração política.