'Ciclo do socialismo na Bolívia chegou ao fim', diz ex-vice-chanceler do país
Eleições marcam o fim de um ciclo político na Bolívia, com o partido MAS em declínio. A oposição se destaca nas pesquisas, num cenário de crise econômica e fragmentação parlamentar.
Eleições presidenciais na Bolívia serão realizadas neste domingo, 17, marcando o possível fim de um ciclo político de 19 anos do partido MOVIMENTO AO SOCIALISMO (MAS), liderado por Evo Morales.
O MAS chega enfraquecido à disputa, com previsões de ficar fora do segundo turno. Pesquisas apontam que candidatos de centro e centro-direita, como Jorge Quiroga e Samuel Medina, estão à frente, enquanto o ministro Eduardo del Castillo ocupa a quarta posição.
A crise econômica também agrava a situação do MAS. A Bolívia enfrenta uma alta inflação e escassez de dólares e combustíveis: "Estamos com nível de inflação que a Bolívia não via há 40 anos", diz Victor Rico, ex-vice-chanceler. Essa crise é atribuída à queda na exploração de gás.
Rico observa que a atual insatisfação popular reflete a fragmentação política. O próximo Congresso poderá ter até três partidos principais, tornando desafiador para o futuro presidente formar governos de coalizão e implementar reformas econômicas necessárias.
Os candidatos têm focado em propostas de mudança do modelo econômico, promovendo maior participação do setor privado e atração de investimentos estrangeiros. Reservas de gás estão em declínio, e a política de hidrocarbonetos terá que ser redefinida para garantir o abastecimento interno.
A busca pela exploração de lítio, embora promissora, não substituirá as receitas de gás. Rico destaca a potencialidade do setor agroindustrial como uma nova fonte de divisas.
O ex-presidente Evo Morales continuará atuando no cenário político, apesar de não poder se candidatar novamente, seguindo a decisão constitucional e o referendo de 2016 que limitou sua reeleição.