Cid nega à PF autoria de mensagens trocadas pelo Instagram com advogado de réu

Tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, negou, em depoimento à Polícia Federal, ter utilizado um perfil no Instagram para discutir sua delação premiada, violando o sigilo do acordo. O depoimento ocorreu na terça-feira.

Cid é delator na investigação que apura uma trama golpista para manter Bolsonaro no poder após a derrota em 2022. Em uma oitava anterior, há duas semanas, ele também negou conversar sobre a delação com o advogado Eduardo Kuntz, defensor de Marcelo Câmara, ex-assessor de Bolsonaro.

A Meta, proprietária do Instagram, enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um ofício com informações sobre a conta de Instagram de Cid, que foi criada em 2005, além de registros dos IPs que acessaram o perfil.

No interrogatório de Cid no STF, seu advogado Celso Vilardi questionou se ele discutiu sua delação por Instagram, e Cid negou. Vilardi também perguntou sobre o perfil "GabrielaR702", ao qual Cid respondeu que poderia ser sua esposa, mas não sabia. A revista Veja divulgou, posteriormente, mensagens atribuídas a esse perfil sobre a delação de Cid.

Os advogados de Cid desmentiram sua autoria e pediram investigação do perfil. O ministro Alexandre de Moraes atendeu ao pedido e solicitou dados à Meta. Na sequência, Kuntz informou ao STF que era ele quem conversava com Cid pelo perfil e apresentou novas mensagens.

Câmara é um dos réus do "núcleo dois" da trama golpista, enquanto Cid e Bolsonaro estão no chamado "núcleo crucial" da suposta organização criminosa. Na quarta-feira, Moraes ordenou a prisão de Câmara e determinou investigações sobre possível obstrução de Justiça contra ele e Kuntz.

Moraes ressaltou que as condutas apresentadas nos autos são graves e indicam uma tentativa de obstruir a investigação.

Os dados da Meta revelaram uma conversa entre Kuntz, o perfil "GabrielaR702", e Paulo Amador Cunha Bueno, advogado da equipe de Bolsonaro.