Clima de guerra: Por que Alemanha e Itália querem ouro longe do alcance de Trump
A crescente instabilidade global e as críticas de Trump ao Fed impulsionam Alemanha e Itália a reconsiderarem o armazenamento de suas reservas de ouro nos Estados Unidos. Especialistas alertam para os riscos de manter ativos sob custódia americana em tempos de crise.
Pressão pública sobre Alemanha e Itália para repatriar reservas de ouro dos EUA aumenta com instabilidade global e críticas de Donald Trump ao Federal Reserve (Fed).
A Alemanha e a Itália possuem, respectivamente, a segunda e terceira maiores reservas nacionais de ouro, somando 3.352 e 2.452 toneladas. Mais de um terço desses estoques está armazenado no Federal Reserve de Nova York.
Após declarações de Trump sobre possíveis interferências no Fed, Fabio De Masi, ex-eurodeputado alemão, ressaltou a necessidade de trazer mais ouro para a Europa em tempos turbulentos. A Taxpayers Association of Europe também recomenda a mudança, expressando preocupação com a independência do Fed.
Movimentos similares ocorreram de 2013 a 2017, quando a Alemanha transferiu 674 toneladas de ouro para Frankfurt, com custo de €7 milhões. A França repatriou a maior parte de suas reservas nos anos 1960.
Trump levantou suspeitas sobre as reservas de ouro dos EUA, considerando uma auditoria. Na Alemanha, a proposta de repatriação tem apoio de diversos grupos políticos, como Peter Gauweiler e Peter Boehringer, que defendem a proteção das reservas.
Na Itália, o tema ressurgiu, mas a primeira-ministra Giorgia Meloni tem evitado retomar a questão para manter boas relações com Washington.
O Bundesbank reitera a confiança no Fed, enquanto o Banco da Itália não comentou. Uma pesquisa com 70 bancos centrais indica uma tendência crescente de armazenar ouro domesticamente, refletindo preocupações com acessos a ativos em crises.
Na segunda-feira (23), o ouro teve alta de 0,5%, atingindo US$ 3.385 por onça, mesmo com alívio nos mercados.