Colombianos vivem calvário em busca de mais de 200 mil desaparecidos
O aumento dos desaparecimentos em Buenaventura reflete a herança de conflitos armados na Colômbia, afetando especialmente as mulheres que lideram as buscas. Mesmo após o acordo de paz de 2016, a violência persiste e testemunhos de dor permanecem nas comunidades.
Buenaventura é uma cidade portuária da Colômbia, marcada pela pobreza e pela violência.
A água do mar é gelada e o almoço é servido com bons mariscos. A população é predominantemente negra.
A insegurança levou muitos jovens a deixar a cidade por Cali, em busca de melhores oportunidades.
Com 430 mil habitantes, Buenaventura vive um contexto de violência com altas taxas de desaparecimentos e assassinatos. Mais de 127 mil pessoas estão desaparecidas na Colômbia desde os anos 1980, cifra que pode superar 200 mil.
Os desaparecimentos estão relacionados a guerrilhas, paramilitares e gangues urbanas. Shottas e Espartanos disputam território em Buenaventura.
Edilma Castro, de 70 anos, perdeu seu filho, Alex, em 2007, e acredita que seu corpo está no mar. Desde então, Edilma relata viver em tortura.
O estuário de San Antonio é usado por grupos armados para descartar corpo, enquanto a Unidade de Busca por Pessoas Dadas por Desaparecidas estima que 190 corpos possam ter sido lançados ali.
Mulheres, muitas delas negras, lideram as buscas pelos desaparecidos. Edilma e Elsy Adriana, que procura seu filho desde 1999, são exemplos de resiliência.
A violência na Colômbia afeta desproporcionalmente as mulheres, tornando as buscas uma atividade principalmente feminizada.
O auge dos desaparecimentos ocorreu entre as décadas de 1990 e 2000, com 7.700 pessoas desaparecidas apenas em 2002. O acordo de paz de 2016 não solucionou o problema.
Casos de desaparecimento continuam a ocorrer, com 1.929 casos documentados desde 2016. A incerteza e o silêncio persistem, deixando marcas profundas nas famílias.
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