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Com Selic a 15%, bancos privados adotam cautela na carteira de crédito de olho na inadimplência

Bancos se adaptam ao cenário de juros altos e incertezas econômicas, priorizando a concessão de crédito a clientes de alta renda. Apesar do aumento na inadimplência no sistema financeiro, instituições como Bradesco, Itaú e Santander reportam crescimento em lucro líquido e rentabilidade.

Selic a 15% e sinais de desaceleração econômica forçaram bancos a reduzir a exposição a risco no 2º trimestre de 2023. Bradesco, Itaú e Santander focaram em empréstimos com garantia e clientes de alta renda, evitando aumento na inadimplência.

No balanço divulgado, os três bancos apresentaram crescimento anual no lucro líquido, totalizando R$ 21,23 bilhões. Eduardo Rosman, do BTG Pactual, questiona como a economia se comportará no segundo semestre e o impacto na carteira de crédito.

A inadimplência acima de 90 dias subiu de 3,28% em março para 3,55% em junho, o maior nível desde 2017. Contudo, Bradesco, Itaú e Santander mantêm essa métrica sob controle. Comparados ao 2º trimestre de 2024, os bancos conseguiram reduzir os índices de atraso.

Uma nova resolução contábil permite que bancos mantenham créditos em atraso por mais de um ano sem declará-los como perda, o que pode distorcer os dados de inadimplência.

A queda na inadimplência do Santander é atribuída à redução na concessão de crédito, o que afetou seu crescimento. Mario Leão, CEO do Santander, menciona desafios para empresas com juros altos e destaca a seletividade na concessão de crédito à baixa renda.

A Genial Investimentos acredita que essa seletividade atrasará a recuperação da rentabilidade do banco, adiando a meta de ROAE de 20% para 2027. A matriz do Santander provisionou R$ 3 bilhões para possíveis deteriorações na unidade brasileira.

Bradesco prioriza empréstimos com garantia e mantém o foco na reestruturação sem expansões irresponsáveis. O Itaú, com maior exposição à alta renda, apresenta a menor inadimplência e o maior lucro entre os três, beneficiado por investimentos em tecnologia.

Embora Bradesco e Itaú não tenham relatado impactos do agronegócio, o Banco do Brasil, com forte exposição ao setor, enfrentou queda de quase 7% em suas ações após resultados abaixo do esperado.

A expectativa para o resultado trimestral do Banco do Brasil, a ser divulgado no dia 14 de julho, é de que seja o pior do setor.

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