Com viagem ao Japão, Lula busca sinalizar que relação com China não é de alinhamento automático
Lula busca fortalecer laços comerciais e diplomáticos com Japão e Vietnã, reafirmando a autonomia do Brasil em relação à China. A viagem visa também posicionar o país no contexto do Brics e em discussões ambientais na COP30.
Visita de Lula ao Japão e Vietnã: Entre 24 e 29 de março, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva visita o Japão e Vietnã com um caráter simbólico para o Brasil.
O objetivo é mostrar à China e à comunidade internacional que o Brasil não está dependente nem automaticamente alinhado ao gigante asiático, apesar do fortalecimento dos laços desde a chegada do governo petista.
Comércio bilateral: Japão e Vietnã possuem um comércio com o Brasil de cerca de US$ 20 bilhões anuais. O Japão abriga uma comunidade brasileira de mais de 200 mil pessoas. Lula participará de um evento empresarial em Tóquio.
Com relação ao Vietnã, o Brasil busca estreitar laços com países da ASEAN, como Indonésia e Malásia.
Fórum China-Celac: Lula está avaliando participar do Fórum que ocorrerá este ano em Pequim, podendo se reunir com Xi Jinping.
A sinalização de que o Brasil não faz parte de um eixo antiocidental é uma preocupação do governo, especialmente com a cúpula do Brics marcada para julho.
O Brasil deseja reforçar que sua atuação no Brics não representa uma aliança contra Estados Unidos e Europa.
Embora o Brics se dedique à reforma das relações internacionais, o foco deste ano será na COP30, em Belém, em novembro, promovendo uma posição conjunta sobre financiamento climático.
O conflito Rússia-Ucrânia não é prioridade na agenda do Brics, mas há uma mudança de postura dos europeus em relação ao Brasil após a posse de Donald Trump.
No passado, Lula foi criticado por defender negociações entre Putin e Zelensky, quando a Europa e EUA recusavam diálogo com Moscou. Agora, a possibilidade de um acordo excluindo a Ucrânia preocupa diplomatas europeus.
Interlocutores notaram uma mudança de ênfase da Rússia em relação ao Brics após a última cúpula. O bloco cresceu de cinco para nove países com a adesão de Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã.
Após críticas de Trump ao Brics, há temor de que a Rússia reavalie sua postura no grupo.
A negociação direta entre Trump e Putin, e o crescente poder chinês, levantam questões sobre uma possível divisão de esferas de influência global.
No entanto, o Brasil não tem interesse em se alinhar a nenhuma potência, apostando no multilateralismo apesar das tensões geopolíticas atuais.