Como as tarifas de Trump sobre o México podem acabar afetando a economia da China
Pequim teme que as tarifas do presidente Trump sobre o México sinalizem uma estratégia mais ampla para limitar o acesso da China a mercados em desenvolvimento. A situação pode forçar países a escolher entre suas relações comerciais com os EUA ou a China, afetando diretamente suas economias.
Preocupações em Pequim
Autoridades chinesas temem que as tarifas do presidente Trump sobre o México sejam o início de uma campanha para forçar países em desenvolvimento a escolher entre comércio com os EUA ou China.
Após tarifas extensivas sobre produtos chineses, muitas empresas investiram em México, Vietnã e Tailândia para montar componentes chineses e acessar o mercado dos EUA.
O superávit comercial da China com os EUA caiu quase um terço desde 2018, mas as exportações para países em desenvolvimento aumentaram significativamente, especialmente no México, onde a China vende 11 vezes mais do que compra.
Pequim teme que o México feche seu mercado a produtos chineses em troca de alívio nas tarifas americanas, comprometendo empregos e o acesso ao mercado dos EUA.
Trump poderia usar o México como modelo para pressionar outros países a tomar partido na guerra comercial, limitando ainda mais o acesso chinês ao mercado americano.
Wang Wentao, ministro do Comércio da China, expressou preocupação com o acesso aos mercados em desenvolvimento, destacando que 34% do comércio da China é feito com países com acordos de livre comércio.
O México, sem acordos comerciais com a China, pode aumentar tarifas em produtos chineses, uma manobra amparada por regras da OMC que permitem aumentos repentinos.
Alguns países em desenvolvimento podem enfrentar pressão dos EUA para não serem rotas de produtos chineses, com o Brasil como exemplo.
A continuidade dessa dinâmica depende da resistência de outras nações em não escolher lados, conforme afirmou Tu Xinquan, especialista em comércio internacional.
A situação é agravada pela dependência da economia chinesa de um superávit comercial crescente, que atingiu quase US$ 1 trilhão no ano anterior, e pela vulnerabilidade da China, dada a dependência de superávits comerciais dos países em desenvolvimento com os EUA.