Como as tarifas expõem as contradições mais profundas de Donald Trump
Análise detalha a visão de Trump sobre a Era Dourada e a influência de McKinley em seu discurso, destacando a complexidade do crescimento econômico do período. O texto contradiz a crença de que as tarifas e o protecionismo foram responsáveis pela prosperidade, enfatizando o papel crucial da imigração e da diversidade na formação da grandeza americana.
Donald Trump reitera seu famoso slogan "Make America Great Again" inspirado no ex-presidente William McKinley, que governou de 1897 a 1901. Em seu discurso de posse em janeiro, Trump afirmou que os EUA recuperariam seu status como a nação mais grandiosa, mencionando McKinley como exemplo de um passado glorioso.
McKinley é associado à “Era Dourada” (Gilded Age), um período caracterizado por crescimento econômico, mas também por grande desigualdade social. Enquanto magnatas como Rockefeller e Carnegie acumularam fortunas, a maioria da população vivia em condições precárias, trabalhando longas horas por salários baixos.
No seu discurso, Trump exaltou as tarifas de McKinley, que supostamente enriqueceram o país. Contudo, estudos indicam que o crescimento econômico da Era Dourada foi impulsionado, em grande parte, pela imigração. Entre 1870 e 1914, cerca de 25 milhões de imigrantes chegaram aos EUA, contribuindo significativamente para o desenvolvimento urbano e industrial.
Trump ignora que essa imigração gerou um sentimento anti-imigração na época, com acusação de que imigrantes "roubavam empregos". Porém, foram eles que proporcionaram mão de obra acessível e essencial para o crescimento da economia.
Os estudos econômicos sugerem que tarifas mais altas, como a Tarifa McKinley, na verdade reduziram a produtividade. Com menos proteção tarifária, a economia poderia ter se desenvolvido ainda mais. McKinley mesmo, antes de ser assassinado, condenou a política de tarifas e defendeu a expansão do comércio.
Portanto, ao defender a grandeza da Era Dourada, Trump ignora que a verdadeira força dos EUA vem da abertura e diversidade, e não do protecionismo.