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Como 'autodestruição' da esquerda na Bolívia pode levar a direita de volta ao poder após 20 anos

A Bolívia enfrenta um momento decisivo nas eleições de domingo, com profundas divisões internas no Movimento ao Socialismo. A antiga hegemonia do partido, que dominou a política nacional por quase duas décadas, pode chegar ao fim, abrindo espaço para uma possível ascensão da direita.

Bolívia enfrenta eleições decisivas neste domingo (17/8), marcando um potencial fim de uma era política dominada pelo Movimento ao Socialismo (MAS), que tem estado no poder por quase 20 anos.

O MAS, enfraquecido e dividido entre os grupos do ex-presidente Evo Morales e o atual presidente Luis Arce, enfrenta chances remotas de chegar ao segundo turno. Morales, icônico líder indígena, pediu votos nulos como protesto por seu impedimento de concorrer, enquanto Arce é considerado extremamente impopular devido à crise econômica.

A divisão interna é vista como uma "autodestruição", com a possibilidade da direita dominar a segunda rodada com candidatos conhecidos: Samuel Doria Medina, empresário, e Jorge 'Tuto' Quiroga, ex-presidente. Inicialmente, o MAS se apresentava como um partido nacionalista que defendia a estatização dos recursos naturais, mas falhou em lidar com a crise que se instaurou a partir de 2023.

As exportações de gás natural, um dos pilares da economia, caíram drasticamente, levando a um panorama de incerteza econômica. O governo de Arce utilizou as reservas de dólares, que despencaram de US$ 15 bilhões em 2015 para US$ 1,9 bilhão em 2024.

Morales e Arce, já rivais, possuem visões diferentes sobre as reservas de lítio e sobre o futuro econômico do país, sinalizando uma ruptura ideológica. Ambos com repercussões no cenário político, com a possibilidade de novos candidatos para liderança do MAS. Andrónico Rodríguez, ex-apoiador de Morales e agora independente, é apenas um exemplo da fragmentação vista.

Em termos ideológicos, Tuto Quiroga é mais à direita, enquanto Doria Medina é visto como mais central, embora tenha se alinhado a figuras radicalizadas do passado.

Enquanto isso, Evo Morales, refugia-se no Chapare, onde enfrenta mandados de prisão e permanece em uma posição política delicada. O futuro de Morales e do MAS permanece incerto, mas as crises atuais podem criar espaço para um retorno futuro.

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